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O fator Marina ou: “É a política, estúpido!”

É bom o tucanato tomar cuidado para não repetir, com Marina Silva, a bobagem ocorrida há alguns meses na definição do vice na chapa. Naquele caso, criou-se a expectativa de que Aécio Neves aceitaria o desafio, ficou-se à espera dele por algum tempo, ele não veio, e os setores da imprensa ávidos por decretar o […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h02 - Publicado em 4 out 2010, 18h37

É bom o tucanato tomar cuidado para não repetir, com Marina Silva, a bobagem ocorrida há alguns meses na definição do vice na chapa. Naquele caso, criou-se a expectativa de que Aécio Neves aceitaria o desafio, ficou-se à espera dele por algum tempo, ele não veio, e os setores da imprensa ávidos por decretar o fim do PSDB proclamaram então: “Derrota!” O tempo agora é mais curto, mas a besteira pode se repetir. “Temos de ter Marina; temos de ter Marina”. E nada de a candidata verde declarar seu apoio. Quando e se não o fizer, virá o óbvio: “Decepção tucana; Marina declara neutralidade”.

Ouso divergir um tantinho dos que acreditam que política é mera conta de somar e subtrair. Fosse assim, bastaria juntar os votos do tucano e da verde, e a fatura estaria liquidada. POLÍTICA É CONTA DE MULTIPLICAR. Vamos devagar.

Primeiro Marina: ela vai ou não vai?
Tendo a achar que não. Será que lhe interessa uma possibilidade de mudança do eixo de poder? Ouço o discurso de Marina e entendo que ela, em uma das mãos, se considera o bom petismo, aquele autêntico, o que não abandonou as suas bandeiras. Na outra, vê-se como a superação das supostas dicotomias que separem petistas de tucanos. Ela seria uma síntese superior dessa oposição, podendo unir as bordas de ambos os lados, com a sua visão de política que chamo “holística” — à falta de algum termo consagrado da literatura política que defina o seu discurso. Realmente não sei se interessa a ela a vitória de um tucano. Tendo a achar que ela flerta mais com um eventual e suposto esgotamento do modo petista de fazer política — ou seja: com a vitória de Dilma. Seria um erro de análise, entendo. Mas não do ponto de vista dela.

Como obteve um resultado bastante expressivo nas urnas, Marina pode tentar vender muito caro o seu apoio. Durante os debates, ela tentou arrancar dos demais candidatos o comprometimento, por exemplo, com o tal Código Florestal, cuja aplicação seria desastrosa para a agricultura do país. Marina tentará impor a sua agenda como se tivesse sido ela a passar para o segundo turno? Se caminhar por aí, as coisas se complicam bem. Vamos ver.

Agora Serra: a questão é política
É claro que o eventual apoio de Marina a Serra seria, do ponto de vista do tucano, muito bem-vindo, desde que ele não tenha de trocar a sua agenda pela agenda dela — esse tipo de acordo não existe; a rigor, nem acordo é. Entendo que a questão é de natureza política. É a política que tem de ser resgatada na campanha.

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Em 1998, Covas chegou em segundo lugar na disputa pelo governo de São Paulo (ver post anterior), bem atrás de Paulo Maluf. A campanha eleitoral era pautada pelo puro administrativismo: o governador fez isso, fez aquilo, melhorou aquilo outro… Enfrentava a virulência malufista e suas mistificações. Quase naufragou. Marta, a terceira colocada, declarou, sim, apoio a Covas no segundo turno. Mas, entendo, o que determinou a vitória do tucano foi o embate POLÍTICO com Paulo Maluf. Em vez de ficar no “fiz isso e fiz aquilo e vou fazer mais isto e isto”, fez-se um enfrentamento de valores. E ganhou.

É claro que era mais fácil bater em Maluf do que em Dilma — que continuará pendurada em Lula. Não ignoro isso. Mas não estou falando em “bater” em ninguém. Ao contrário até: acho que é preciso encontrar a linguagem afirmativa dos valores que Serra, como candidato tucano, encarna, em contraste, sim, com Dilma. Com ou sem Marina, opor meramente a “Continuidade de Superação” (tucanos) à “Continuidade de Exaltação” (petistas) não é uma boa idéia para a candidatura do PSDB.

É a política!
Há a tal máxima: “É a economia, estúpido!”, atribuída a um assessor de Clinton na disputa contra Bush pai, lá atrás. Em eleição, queridos, a única frase que faz sentido é esta: “É a política, estúpido!”, já que as virtudes e defeitos da economia são transformados em linguagem… política! Assim como é possível transformar salário, renda, consumo etc em votos, o mesmo se pode fazer com valores. São sempre eles que decidem as eleições. Só para ficar nos EUA: Bush filho, no primeiro mandato, já havia convertido os superávits gêmeos em déficits gêmeos — para não falar no desastre do Iraque, que já estava configurado. E foi reeleito. Obama pegou o país no osso, foi visto como um demiurgo de alcance mundial, o salvador… Duas semanas depois da posse, os republicanos resolveram lembrar que existe oposição no país. Há o risco de os democratas perderem a maioria na Câmara e no Senado.

Não estou chamando ninguém de “estúpido”. Estou apenas brincando com o clichê. Sempre será a política, estúpido!

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