Mercado do divino 2 – O emblema da decadência católica e o bispo-melancia
Por Fernando Barros de Mello e Fábio Amato na Folha deste sábado. Volto depois. Dois dos principais locais onde o 13º Grito dos Excluídos foi realizado tiveram atos diferentes ontem. Enquanto o arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, proibiu a realização dentro do Santuário Nacional do plebiscito informal sobre a anulação do leilão da […]
Dois dos principais locais onde o 13º Grito dos Excluídos foi realizado tiveram atos diferentes ontem. Enquanto o arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, proibiu a realização dentro do Santuário Nacional do plebiscito informal sobre a anulação do leilão da Vale do Rio Doce, na catedral da Sé, no centro de São Paulo, uma urna foi levada ao altar onde se realizava a missa.A promoção do plebiscito foi o ponto central da manifestação organizada pelo Grito dos Excluídos, organizado por setores sociais da Igreja Católica com apoio de MST, ONGs, sindicatos e associações de sem-teto. A Vale foi privatizada em 1997, no governo FHC.Em Aparecida, d. Raymundo impediu que cartaz contrário à privatização fosse levado ao altar. Ele disse que foi uma decisão pessoal, porque a assembléia da CNBB não assumiu posição sobre o assunto.”Essa é uma casa de oração, uma casa de romaria. Nós respeitamos a posição de qualquer pessoa que venha rezar no santuário. Nós não fazemos opção política ou partidária aqui dentro”, disse. Segundo a assessoria do Santuário, cerca de 100 mil pessoas foram à basílica.Em São Paulo, a missa foi realizada por d. Pedro Luiz Stringili, bispo auxiliar da arquidiocese e presidente da comissão episcopal pastoral da CNBB. Até anteontem, a previsão era que o arcebispo d. Odilo Scherer comandasse o culto. Segundo d. Pedro, a ausência se deu por problemas na agenda.”A gente percebe o quanto é importante o povo ter a sua manifestação”, disse d. Pedro a jornalistas. Ele também afirmou que, com a urna presente no altar, “o povo quis mostrar que está acontecendo esse plebiscito”. “Tudo que o povo faz representa um símbolo daquilo que quer. Ou seja, uma nação soberana, mais justa, que a riqueza seja distribuída e não fique nas mãos do capital privado”, completou, dizendo que pastorais sociais “reconhecem que o preço pela qual a Vale foi vendida é irrisório”.
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Para entender plenamente este comentário, será preciso ler o post abaixo:
D. Pedro Luiz Stringili? Quem é esse? O nome deveria me dizer alguma coisa? Se ele entender de teologia o que entende de política e economia, estamos feitos. Ou o papa Bento 16 — e, para informá-lo do que ocorre existe, entre outras fontes, a Nunciatura Apostólica — intervém pra valer na Igreja Católica no Brasil, ou a degradação, que já dura algumas décadas, vai continuar. A Teologia da Libertação conseguiu o prodígio de expulsar os fiéis dos templos católicos, que foram buscar ou a cura miraculosa ou a tal Teologia da Prosperidade em seitas neopentecostais — todas elas mais jovens do que o meu uísque. Como respeitá-las? O diabo é que a Igreja Católica brasileira não se respeita. Ou melhor: a Escatologia da Libertação se mostra, literalmente, a manifestação demoníaca no seio da Igreja Católica.
Falo por símbolos. Qual é o desejo de demônio? Destruir a obra de Deus. Qualquer católico dirá isso. Crêem os católicos que Jesus é Seu Filho e que a Igreja é a Sua vontade, fundada por Ele. Os que usam o púlpito para fazer plebiscito sobre venda de estatais conspurcam a mensagem do Cristo. Não há caminho teológico para justificar tal proselitismo. A responsabilidade pela pantomima da Sé é de dom Odilo Scherer, que se vai revelando o nosso bispo-melancia. Parecia muito mais conservador — conservador das normas da Igreja Católica — antes de assumir a arquidiocese mais importante do país. Agora, vem se caracterizando por dar o tapa e esconder a mão. Vetou a missa do Cansei. Pois bem. Perguntei então: vai também fechar as portas da Igreja para os comunistas? Não fechou. Abriu-as. E manda outro oficiar a cerimônia.
Parabéns a dom Raymundo Damasceno Assis, bispo de Aparecida, por saber distinguir o que é do reino de Deus do que é do reino de César. Todo esquerdismo é nefasto. O de batina é muito mais porque a função do clérigo é cuidar da dimensão espiritual do homem, e não reduzi-lo à teoria vulgar da luta de classes, uma simplificação estúpida ainda que ficássemos apenas na esfera da matéria. O esquerdista católico trai Deus com a luta de classes e trai a luta de classes com Deus. É um trânsfuga da pior espécie não importa o lado.
Lauro Jardim informa na VEJA desta semana que o autoproclamado bispo Edir Macedo, dono da TV Record — entre muitas outras coisas — já tem no exterior 700 templos da sua Igreja Universal do Reino de Deus. A sua “empresa” é uma potência também no Brasil. Sou católico e sei que o neopentecostalismo tem uma mensagem, digamos assim, mais “simples”. Pois bem. O catolicismo popular foi assaltado pelo esquerdopatia, e os fiéis fugiram. Ou viraram militantes políticos. Isso que se viu na Sé, com uma urna colocada no altar, é o emblema da decadência católica.
Até quando?