MAROLINHA APEDEUTA 6 – Estagnação é dada como certa
Por Marcelo Rehder, Sérgio Gobetti e Leandro Modé, no Estadão:A queda de 3,6% no nível de atividade no último trimestre de 2008 tornou quase impossível a missão do governo de terminar 2009 com taxa positiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Para que a expansão atinja 1% sobre 2008, seria preciso que o PIB […]
A queda de 3,6% no nível de atividade no último trimestre de 2008 tornou quase impossível a missão do governo de terminar 2009 com taxa positiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Para que a expansão atinja 1% sobre 2008, seria preciso que o PIB não caísse no primeiro trimestre. Mais: o crescimento nos três trimestres seguintes teria de ser acelerado, até alcançar 3% nos três últimos meses do ano.
Nas circunstâncias atuais, em que os indicadores industriais e de arrecadação apontam forte desaceleração em janeiro e fevereiro, economistas do mercado e do governo avaliam como quase certa uma nova queda do nível de atividade no primeiro trimestre. Se isso ocorrer, seria um quadro técnico de recessão – dois trimestres seguidos com recuo do PIB.
Parte dessa dificuldade se explica pela estatística. Como o crescimento em 2008 foi muito forte, o nível médio de atividade econômica do ano passado é mais alto que o do último trimestre. Nesse caso, se a economia permanecesse parada em 2009 no mesmo nível do fim de 2008, o PIB terminaria este ano com queda de 1,5%, na comparação com a média do ano passado.
Mesmo que consiga reagir a partir do segundo trimestre e cresça 1% a cada três meses, ainda assim o PIB fecharia 2009 na mesma média de 2008. Esse seria o caso de crescimento zero – hipótese bem provável. Técnicos da Fazenda reconhecem que as projeções mais realistas para alta do PIB devem oscilar entre zero e 1%, no máximo. Mas o governo deve continuar trabalhando com uma meta de pelo menos 2%, virtualmente impossível de atingir.