KASSAB NOMEIA UM SECRETÁRIO NA GESTÃO… HADDAD! SIM, É ISSO MESMO! FAZ SENTIDO… AFINAL, O ADVERSÁRIO DE AMBOS ERA… SERRA!
Como é mesmo? Se a coisa só dá no Brasil, ou é jabuticaba ou é besteira. Há uma terceira experiência em que o Brasil vai se tornando singular: o jeito de fazer política. Como sabe todo paulistano, o PT venceu a disputa em São Paulo hostilizando a gestão do prefeito Gilberto Kassab, muito mal avaliada. […]
Como é mesmo? Se a coisa só dá no Brasil, ou é jabuticaba ou é besteira. Há uma terceira experiência em que o Brasil vai se tornando singular: o jeito de fazer política. Como sabe todo paulistano, o PT venceu a disputa em São Paulo hostilizando a gestão do prefeito Gilberto Kassab, muito mal avaliada. Menos de 24 horas depois, o presidente do PT, Rui Falcão, já anunciava um entendimento nacional com o PSD, comandando pelo prefeito.
Era um jogo de cartas marcadas. O petismo, se bem se lembram, fez tabula rasa da gestão do prefeito — associando-a a José Serra e ignorando que o atual mandatário havia vencido uma eleição —, mas preservou o chefe do PSD de ataques no terreno moral. Era parte do entendimento que se daria em seguida. Atacar a gestão de Kassab buscava impedir a volta de Serra à Prefeitura, mas não a permanência do próprio Kassab.
Pois é. Kassab acaba de emplacar um secretário na gestão Haddad: Roberto Trípoli, que se elegeu vereador pelo PV e é atual líder da situação na Câmara.
Expedientes assim têm rendido ao prefeito Kassab a fama de político habilidoso. Também o PT costuma ser elogiado por essas espertezas. Nas democracias convencionais, depois de ter tido a sua gestão desconstruída durante a campanha eleitoral, o derrotado (ou seu partido) se encarrega de vigiar a gestão do adversário vitorioso e de cobrar suas promessas. Não no Brasil. As eleições são, de fato, públicas, mas a divisão do poder é tratada como assunto privado.
Ademais, Kassab era adversário de Haddad apenas para o grande eleitorado. Nos bastidores da política — como ela acontece no Brasil —, eram aliados. O adversário de ambos, no fim das contas, era Serra. É evidente que a eventual vitória do tucano — tratado pelos petistas como o único oposicionista do Brasil (Aloizio Mercadante queria até FHC numa propaganda oficial sobre educação…) — criaria dificuldades para o entendimento entre o PSD e o PT. Mais: Kassab sabia que Serra seria o único candidato tucano que faria, como fez, a defesa de sua gestão — e havia, de fato, também o que defender, eu mesmo já o demonstrei aqui.
Kassab jogou para que Serra fosse o candidato, antevendo que ele próprio seria o vencedor qualquer que fosse o resultado, mas certo de que a derrota do aliado oficial era, desde sempre, o melhor resultado.
Segue texto publicado na VEJA.com.
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Líder de Kassab deve ser secretário do Verde em SP
Líder do governo Gilberto Kassab (PSD) na Câmara Municipal e eleito o vereador mais votado de São Paulo, Roberto Tripoli (PV), de 58 anos, deve ser indicado secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente pelo prefeito eleito Fernando Haddad (PT). De acordo com reportagem publicada neste sábado pelo jornal O Estado de S. Paulo, a decisão – que configuraria a primeira definição do futuro secretariado -, foi tomada nesta sexta-feira, após reunião da bancada do PV com o presidente do diretório municipal do partido. Eles avaliavam convite feito pela transição para compor o governo. A data de apresentação de Tripoli ainda não foi marcada.
Ao manter o PV em uma pasta com orçamento de R$ 1,2 bilhão para 2013 e responsável por conceder licenças para os grandes empreendimentos da cidade, o PT praticamente consolida o apoio que precisa para conseguir a presidência do Legislativo. Com quatro parlamentares, o PV passa agora a integrar um bloco comandado por Kassab, que ainda tem o PSD, com oito vereadores, e o PSB, com três.
Os 15 votos do bloco e os 11 da bancada do PT, somados ao do vereador Netinho de Paula (PCdoB) e ao do senador Antonio Carlos Rodrigues (PR), já garantem os 28 votos necessários para eleger um petista comandante do Legislativo. Rodrigues toma posse como vereador no dia 1.º de janeiro, vota na eleição e tira licença para voltar ao Senado. “Não tenho nada a declarar”, respondeu Tripoli, ao ser questionado se assumiria a pasta do Verde no lugar de Eduardo Jorge, também do PV, mas desafeto de Tripoli.
A indicação do parlamentar do PV também resolve outro problema para o PT: Tripoli é o atual relator do orçamento de 2013, estimado em R$ 42,1 bilhões. Desse total, a equipe de transição quer apoio do relator para remanejar pelo menos R$ 2 bilhões para garantir algumas promessas de campanha de Haddad – como o fim da taxa da inspeção veicular (R$ 180 milhões) e o bilhete único mensal (R$ 400 milhões).
(Com Estadão Conteúdo)