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FHC diz que não pode comentar opiniões de Dilma porque ex-ministra “não fala”

Por Fábio Victor e Plínio Fraga, na Folha Online: Minutos antes da fazer a conferência de abertura da Flip, hoje à noite, em Paraty, sobre o homenageado Gilberto Freyre, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alfinetou a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, afirmando que ela “não fala”. FHC apareceu para uma conversa com jornalistas dizendo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h38 - Publicado em 4 ago 2010, 20h59

Por Fábio Victor e Plínio Fraga, na Folha Online:

Minutos antes da fazer a conferência de abertura da Flip, hoje à noite, em Paraty, sobre o homenageado Gilberto Freyre, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alfinetou a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, afirmando que ela “não fala”. FHC apareceu para uma conversa com jornalistas dizendo que não responderia a perguntas de política.

Mas, questionado pela Folha se a visão sobre política econômica do presidenciável José Serra (PSDB) estaria à esquerda da de Dilma, respondeu: “A esquerda não está em jogo nisso, são visões técnicas. E eu não sei o que a Dilma pensa, porque ela não fala. Então não posso comparar uma que não diz nada com outro que diz”. O líder tucano rejeitou a ideia de que Serra, se eleito, faria uma maior intervenção sobre a condução da política cambial.

“O Serra não tem essa visão que se atribui a ele. O que ele diz é uma coisa que todos praticam, que o governo atual está praticando. O câmbio é livre, mas de vez em quando o Banco Central interfere, compra. Mas por pressão política, aí, sim, o Serra não concordaria — e nem eu.”

Instado a projetar de que lado político estaria Gilberto Freyre hoje, FHC foi de novo irônico com os adversários petistas e disse que o sociólogo pernambucano de certo modo antecipou o tom mais moderado exibido hoje pelos governistas.

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“Hoje acho que Gilberto Freyre ficaria feliz em dizer… Ele, que foi tão criticado por todos nós porque falava de uma matriz de conciliação no Brasil. Hoje, quando você vê… não quero entrar em política atual [risos], mas você vê como se comportam os que foram há bem pouco tempo muito radicais. E, está vendo: o que prevaleceu foi o entendimento.”

Integrante do grupo de sociólogos da USP que durante anos se opôs à Freyre, inclusive por questões ideológicas, FHC definiu a orientação política do sociólogo.

“Era um conservador, na visão que tinha da sociedade, da vida política. Um democrata-conservador. E todos os democratas-conservadores, quando percebem um risco de a esquerda subir, ficam mais reacionários. Isso era Gilberto Freyre.”

Comento
Nada a objetar sobre os comentários políticos de FHC, que parecem de grande lucidez, inclusive na vertente irônica. Quanto ao que disse sobre Gilberto Freyre, bem, aí uma entrevista dessa natureza certamente não ajuda. Não tenho dúvida de que o mais importante sociólogo vivo do país disse coisas mais bem-acabadas sobre o mais importante sociólogo do Brasil em qualquer tempo.

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Gilberto Freyre reacionário? Não creio! Nem na teoria nem na prática. Apoiou, sim, o regime militar de 64, como, diga-se, o fez muita gente. O ambiente político, intelectual e ideológico daquele período ainda precisa ser devidamente reconstruído, sem paixões. Que João Goulart havia instalado o baguncismo no governo é fora de dúvida. Que as esquerdas ameaçavam botar fogo no circo, e pouco importa saber se tinham condições para isso — a propósito: não tinham, como ficou provado —, também é inegável. FHC e todos os que viveram aqueles tempos sabem (eu era bebê…) que havia o temor de que o próprio Jango desse um golpe; muita gente boa apostava nisso e temia uma ditadura unipessoal.

Os militares foram saudados por muitos “não-reacionários” como uma espécie de racionalização do caos. Atribuir a Freyre “reacionarismo” parece fazer dele um homem avesso à democracia, o que ele não era. Avesso às esquerdas, isso era, sim. Mas seria preciso provar que as esquerdas eram democráticas, o que ninguém conseguiria.

Eu, por exemplo, acho que, do ponto de vista da civilização, opor-se àquele tipo de esquerda é até bastante progressista…

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