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Dom Odilo e o “posicionamento claro”. Ou: Um texto que tenta transformar um fato em boato

Leiam o que informa André Mascarenhas, no Estadão Online. Prestem especial atenção ao que vai em negrito. Volto em seguida: D. Odilo Scherer pede “posicionamento claro” de candidatos sobre aborto Sem manifestar preferência partidária, o cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Pedro Scherer, defendeu hoje que os candidatos à Presidência da República tenham um […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h00 - Publicado em 7 out 2010, 18h06

Leiam o que informa André Mascarenhas, no Estadão Online. Prestem especial atenção ao que vai em negrito. Volto em seguida:

D. Odilo Scherer pede “posicionamento claro” de candidatos sobre aborto

Sem manifestar preferência partidária, o cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Pedro Scherer, defendeu hoje que os candidatos à Presidência da República tenham um “posicionamento claro” sobre a questão do aborto e avaliou como “do jogo democrático” a presença do tema na campanha eleitoral. Na opinião do religioso, é importante que o assunto seja debatido pelos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), posto que é “uma das questões que os eleitores querem saber”.

“Eu acredito que é bom que a questão do aborto seja também levada em consideração dentro dos debates políticos. É uma questão que merece consideração política. Ou a vida humana seria tão desprezível que não merece consideração política?”, afirmou o cardeal em coletiva sobre a “Semana Nacional da Vida”, no Amparo Maternal, em São Paulo. “Acho que é desejo dos eleitores que os candidatos tenham posições claras e coerentes com aquilo que de fato pretendem levar adiante”, acrescentou.

D. Odilo não quis responder, entretanto, se são transparentes as posições de Dilma e Serra sobre a questão. Segundo ele, suas considerações foram feitas “em linhas gerais”, e lhe faltaria conhecimento específico sobre as posições dos candidatos para comentar. Questionado se a questão poderá definir a eleição, o cardeal disse que é o “conjunto de questões e de propostas que os eleitores irão levar em consideração” na hora do voto.

As declarações foram feitas em meio à polêmica causada pelas supostas contradições na posição de Dilma sobre o tema. A disseminação de e-mails dando conta de que, no passado, a candidata petista teria defendido a descriminalização da prática é apontada como um dos motivos para o fato de ela não ter vencido já no primeiro turno.

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CNBB. Embora tenha reiterado a posição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que é contrária à manifestação partidária por parte dos membros da Igreja Católica, d. Odilo minimizou a atuação do bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergozini, que tem defendido o voto em Serra. “A posição da Igreja é de que não declaramos nem partido, nem candidato. Agora, se alguém faz isso por responsabilidade própria, não é a posição oficial.”

Segundo o cardeal, a função da Igreja no debate deve ser no sentido de dar subsídios para que o fiel tome sua decisão por conta própria. “A Igreja e a CNBB se propuseram a não indicar partidos, nem candidatos. Mas a apontar critérios e princípios em relação à escolha, que deve ser livre e autônoma dos próprios eleitores. E esta também é a minha posição”, disse.

D. Odilo descarta, no entanto, uma eventual punição aos religiosos que contrariarem a determinação da CNBB, uma vez que “eles são livres para se manifestar”. Para o cardeal de São Paulo, é “legítimo” que haja divergência de posições dentro do episcopado brasileiro, mas isso não acarreta prejuízo para a unidade da entidade. “Não há divisão na CNBB. Evidentemente que nós somos mais de 400 bispos católicos no Brasil, membros da CNBB. Temos cabeças diferentes, e muitas vezes posições diferentes.”

Comento
Nada, rigorosamente nada, a opor às palavras de dom Odilo Scherer. Sua questão é pertinente: a vida humana é ou não é um bom tema a ser debatido pela política? A resposta já está na pergunta. Sua extrema simplicidade dá conta da boçalidade dos que pretendem que esse não seja um tema relevante.

Quero chamar a atenção de vocês para o poder que tem o PT de pautar a imprensa e transformar fato em boato. Voltem lá ao trecho em negrito. Para o jornalista, há supostas contradições na posição de Dilma sobre o tema”. O fato de ela ter dado várias entrevistas defendendo a descriminação do aborto e de, agora, os petistas dizerem que ela é contra (ela mesma não diz nada, note-se; é a favor da vida!), não se encaixa da categoria de contradição. Sei… Vai ver não é mesmo. É só o PT: é coerente quando defende, ao mesmo tempo, coisas opostas.

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Para o jornalista,no passado, a candidata petista teria defendido a descriminalização da prática”. TERIA??? Mascarenhas não acredita nas palavras da própria Dilma; parece tentar preservá-la de si mesma, um bom ensinamento do Alcorão… Há um requinte certamente involuntário no texto: a palavra “aborto” não aparece associada à candidata. No parágrafo em que a petista é citada, fala-se em “o tema” e “a prática”.

Sugiro que, por uma questão de equilíbrio, Mascarenhas passe a escrever que José Serra “seria” careca — ou que essa é uma acusação da oposição. Afinal, não é nem mais nem menos evidente que Serra seja careca do que é o fato de que Dilma defendeu a descriminação do aborto, certo?

A partir de agora, “existiria a Lei da Gravidade”, a soma dos quadrados dos catetos seria igual ao quadrado da hipotenusa, e o Corinthians seria o maisor time do mundo! Como? O último exemplo não serve para ilustrar a ironia??? Não brinquem comigo!!!

Para encerrar
Compreendo a generosidade de dom Scherer. Honra a sua condição de pastor. Como estou livre do peso da autoridade eclesiástica e episcopal e posso falar apenas como fiel, deixo clara a minha posição: católico que defende o aborto ou que se alinha com aqueles que o defendam têm de ser convidados a sair da Igreja. Sejamos como o budismo, muito apreciado pelo laicismo moderno, até por bons motivos: não se pode ser budista defendendo e praticando a Lei de Talião. Cada religião, crença ou filosofia tem o seu conjunto de valores. A defesa da vida, para um católico — e, quero crer, para um cristão —, é inegociável.

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