Dilma e o mau gosto
(leia primeiro o post abaixo)A ministra Dilma Rousseff disse em Manaus que “seria de muito mau gosto explorar a doença”. É mesmo? Bem, meus caros, diga-se o que se disser, a verdade é que estamos diante de profissionais da propaganda, ainda que essa gente pudesse ser reprovada num conselho sobre ética publicitária… Seria de “mau […]
A ministra Dilma Rousseff disse em Manaus que “seria de muito mau gosto explorar a doença”. É mesmo? Bem, meus caros, diga-se o que se disser, a verdade é que estamos diante de profissionais da propaganda, ainda que essa gente pudesse ser reprovada num conselho sobre ética publicitária…
Seria de “mau gosto”? Dilma não deve estar se referindo às oposições, naturalmente, dado que o principal nome do não-governismo, José Serra, antecipou-se às suas palavras e disse rigorosamente a mesma coisa: “A exploração eleitoral é de mau gosto”. Dilma não deve estar se referindo à imprensa, que, com raras exceções, tem feito campanha eleitoral gratuita para a ministra, que se transformou numa espécie de heroína: mesmo doente, continuará a cuidar do PAC… A Menestrel do PAC! Certamente a abordagem é de mau gosto. Mas dessa ela gosta.
Dilma só pode estar se referindo à turma do seu partido. Ontem, Marco Aurélio Garcia disse, sem titubear, que acredita que o episódio lhe é favorável do ponto de vista eleitoral. Fernando Haddad, ministro da Educação, já afirmou a mesma coisa. O próprio Lula referiu-se à doença em palanque e conclamou o povo a rezar pela ministra, tentando fundir religião, misticismo e mistificação. Mais um pouco, Dilma faz como um desses pastores dessas igrejas mais novas do que o uísque que eu bebo: pede pro cara que está na cadeira de rodas levantar e andar. Não que ela não tenha feito ao menos um milagre: conseguiu, em parceria com Lula, convencer muita gente de que o PAC existe.
A própria Dilma, ao se referir ao apoio caloroso do “povo” dá tratamento de coisa pública ao que é privado e, pois, envereda para o “mau gosto” que ela mesma finge denunciar. O resultado de toda essa operação de marketing deve ser colhido nos próximos dias, com pesquisas de opinião. É bem possível que tenha crescido na preferência do eleitorado.
Com o PT, o câncer deixou de ser uma metáfora e passou a ser uma solução.