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Contra esquerda e direita xucra, Senado aprova Moraes para o STF

É claro que é legítimo levantar óbices à indicação de um candidato ao Supremo, mas também é preciso que fique clara a natureza da reação

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 23 fev 2017, 11h29 - Publicado em 21 fev 2017, 04h54
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  • Alexandre de Moraes, indicado pelo presidente Michel Temer para a vaga aberta no Supremo com a morte de Teori Zavascki, será sabatinado hoje pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. E é provável que a votação vá a plenário em seguida. Será certamente aprovado. Mas haverá tensão. Moraes é, aliás, um capítulo da aliança tácita entre as esquerdas e a direita xucra. As duas correntes da boçalidade nacional se uniram contra o seu nome.

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    Não! Não vejo mal nenhum em que o jornalismo levante óbices à indicação. As coisas, às vezes, requerem explicação; às vezes, não. Dou exemplos: os trechos de um livro de Moraes que reproduzem o de um autor espanhol revelam que, no caso, quando menos, houve falta de cuidado. É muito pouco, no conjunto de sua obra, para classificá-lo, como fez Janio de Freitas, de um plagiador. De resto, lá está o livro em questão na bibliografia. Ademais, vamos ser claros: não é por isso que Janio não o queria no Supremo.

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    Outra história agora vinda a público indicando que sua mulher pertence a uma banca de advogados que mantém causa no Supremo é forçar a barra. Escritórios de advocacia costumam ter demandas em tribunais, não? “Ah, mas ele assinou um documento asseverando que não havia parentes ligados à sua atividade profissional”. Bem, certamente se referia à sua trajetória até ali. Uma vez ministro, se o caso chegar à sua turma ou, por qualquer razão, cair nas suas mãos, basta se declarar impedido. Acontece todo dia.

    A verdadeira razão
    A função de analista pede que a gente, ancorado nos fatos, vá além da aparência e das relações que se mostram óbvias. Elas só omitem o essencial.

    E o essencial está no fato de que as esquerdas intelectuais, especialmente na imprensa e no próprio Judiciário, queriam alguém com um outro perfil. O que os ditos “progressistas” temem é um, vamos dizer, reequilíbrio na tendência claramente esquerdizante do STF. Moraes, é certo, não tem um perfil identificado com os “companheiros”.

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    Dispõe, sim, de formação intelectual e experiência profissional para ser um bom ministro. Vai ser? Não sei. Eu me opus severamente à indicação de Dias Toffoli, por exemplo. Hoje, eu o considero um dos melhores ministros da Corte. Apoio, como indivíduo, o nome de Moraes. Era o “meu” candidato desde o começo. Se, uma vez no tribunal, eu discordar de seus votos ou tiver críticas à sua atuação, isso será tornado público.

    Inaceitável, aí sim, é que se tente barrar a sua indicação com base em falsas evidências. E é nesse ponto que as esquerdas e a direita xucra se juntaram.

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    Lava Jato
    Como sempre e como de hábito, tudo começa e termina na “Lava Jato”. Ainda haveremos de escrever a “Teogonia de Moro e Dallagnol”, em que o fim é o começo. Moraes teria sido meticulosamente pinçado para fazer algum trabalhinho na Corte em favor de Temer e do PMDB, tudo para obstar as investigações? Mas fazer o quê? Ninguém se atreve a dizer porque isso não existe.

    A Lava Jato está a cargo da Segunda Turma, e Moraes vai para a Primeira. Será o revisor do processo no pleno, que é parte diminuta da coisa. Aliás, até outro dia, quem exercia esse papel era Roberto Barroso, e a ninguém ocorreu questionar as suas credencias de isenção.

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    Concluindo
    Temer poderia ter indicado, houvesse ele seguido a lei, o relator da Lava Jato — fosse Moraes ou outro qualquer. Mas avisou ao Supremo que não o faria. Que a Casa definisse o novo relator, e só então faria a sua indicação. Ora, se quisesse interferir na operação, teria escolhido uma minoridade qualquer para o serviço sujo.

    Nem assim bastou. Aí a esquerda tentou impedir o presidente de fazer a sua escolha. Queria lá um dos seus.

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    E a direita xucra, ora vejam, aplaudiu.

    É compreensível. Ou xucra não seria.

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