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Caso Matsunaga — Luiza Eluf, procuradora de Justiça, responde a uma crítica do blogue. E eu treplico

Critiquei aqui um comentário que a procuradora de Justiça Luiza Eluf, do Ministério Público do Estado de São Paulo, postou no Facebook sobre o caso Matsunaga. Pareceu-me, vejam lá as razões, que ela foi ligeira e superficial. Seu texto sugere que o responsável último pela própria morte foi Marcos, que deu uma pistola de presente […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 08h37 - Publicado em 14 jun 2012, 23h13

Critiquei aqui um comentário que a procuradora de Justiça Luiza Eluf, do Ministério Público do Estado de São Paulo, postou no Facebook sobre o caso Matsunaga. Pareceu-me, vejam lá as razões, que ela foi ligeira e superficial. Seu texto sugere que o responsável último pela própria morte foi Marcos, que deu uma pistola de presente à mulher. Tanto é assim que Luíza recomendou aos “maridos que não querem morrer” que não levem arma para casa… Ela enviou ao blog o comentário que segue abaixo (em vermelho). Volto em seguida:

Sr. Reinaldo Azevedo,

O homicídio atribuído a Eliza Matsunaga contra seu marido Marcos leva a crer que foi, sim, mais um “crime da mala”. Ou melhor: das malas. Ela saiu do apartamento levando três malas, conforme gravação das câmeras de segurança do edifício. Se, anos atrás, o esquartejamento de uma mulher foi chamado de crime da mala, por que não reconhecer a semelhança dos casos?
Quanto à existência de arma em casa, é indiscutível que o fato facilita o crime. A experiência mostra que, dificilmente, uma mulher entra em confronto físico com um homem. Uma faca não dá a mesma segurança de sucesso que uma arma de fogo. Uma faca ou uma Bíblia, como sugerido, requerem luta corporal, esforço físico e risco de fracasso no embate. A arma de fogo é mais rápida, mais segura e mais letal. Quase todos os casos de crimes passionais cometidos por mulheres contra seus maridos foram executados com uso de arma de fogo pertencente ao próprio marido. Veja os casos de Zulmira Galvão Bueno, Dorinha Duval e, quem sabe, a morte do Coronel Ubiratan, dentre os famosos, além de alguns outros sem tanta repercussão, nos quais já trabalhei. Lembrando, aliás, que crimes passionais em que a mulher é a autora representam absoluta minoria dos casos no Brasil. E, por fim, informo que a experiência também mostra que as mulheres cometem crimes violentos por impulso, no calor de uma discussão, em um momento de descontrole emocional. Já os homens premeditam suas ações, preparam friamente o ataque, a emboscada, por vezes durante meses, e terminam executando a vítima exatamente como planejado. Sugiro ao jornalista que leia o livro “A paixão no banco dos réus”, exatamente sobre o assunto.

Luiza Eluf

Voltei
Começo pelo fim. Tenho certa atração pelos imodestos. Luiza Eluf recomenda, para me tirar das trevas da “inguinorança que astravanca o progressio”, um livro de… Luiza Eluf!!! Como amor com amor se paga, eu lhe recomendo “O País dos Petralhas”, “Máximas de Um País Mínimo” e “Contra o Consenso”. Agora vamos de cima pra baixo. A esta altura, juridiquês à parte, certas esculturas é que são “atribuídas” a Aleijadinho porque não se tem certeza da autoria. Eliza Matsunaga é assassina confessa. E há provas materias de que cometeu o crime.

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Uma arma facilita o crime? Tomada pela emoção, uma dessas mulheres com “descontrole emocional”, como diz doutora Eluf, poderia lascar uma garrafada na cabeça do marido colecionador de vinhos. Aí seria o caso de advertir: “Maridos, se vocês não quiserem morrer com o crânio rachado, não tenham uma adega”.

Justamente porque os crimes passionais cometidos por mulheres representam a absoluta minoria, então não se pode tirar da ocorrência em questão, como fez doutora Luiza, uma regra geral e, pois, uma sentença: “Maridos que não querem morrer não devem levar arma para casa”.

Quanto à consideração de que mulheres cometem crimes violentos por impulso, e os homens, por cálculo, vejo nisso uma tentativa de usar um preconceito vicioso, como todos (“mulheres são emocionais, homens são racionais”), num contexto supostamente virtuoso. Ora, o impulso, por óbvio, vem carregado de atenuantes, não é? Já o cálculo… Quem mata porque vítima de um lapso da razão parece, evidentemente, menos perverso do que aquele que planejou meticulosamente a ação. Elas, coitadas!, não têm tempo de pensar; eles, os malvados, matam depois de refletir. No caso da assassina em tela, o “impulso” parece ter durado um tempão. Dado o tiro, ela cuidou nas horas seguintes do esquartejamento.

Sugiro à doutora Luiza que não tente teorizar sobre clichês. Meus livros podem ajudar.

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