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Carlos Minc confessa: “Nem careta nem a seco”. E aí, Ministério Público?

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) comentou a sua performance na Chapada dos Veadeiros, onde estava, naquele domingo, em companhia de um amigo: “Imagina. Na Chapada, 2h30 da manhã, com dois mil jovens, fazer um discurso careta não dá. Não sei cantar, mas sei dançar”. Caramba! Ele acha que sabe dançar! Ele poderia repetir a […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h54 - Publicado em 11 set 2009, 21h17

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) comentou a sua performance na Chapada dos Veadeiros, onde estava, naquele domingo, em companhia de um amigo:

“Imagina. Na Chapada, 2h30 da manhã, com dois mil jovens, fazer um discurso careta não dá. Não sei cantar, mas sei dançar”.

Caramba! Ele acha que sabe dançar! Ele poderia repetir a performance? “É irrepetível. Ficaria fora de contexto. Foi um discurso musical, tinha a música para entrar no ritmo, deixar o ritmo te tomar. Fora dali, seria uma caricatura pobre e completamente desfigurada.”

Mas e com contexto? Bem, aí ele acha que pode repetir, sim, mas tem de ser naquele clima, entende? E avisa: “Agora, a seco, eu sou um desastre ecológico”.

GLOSSÁRIO DA FALA DO MINISTRO
(Tudo o que vai abaixo é cola do Dicionário do Houaiss)
Careta
13 –   Uso: linguagem de drogados.
que ou aquele que não usa drogas

A seco
3 – sem ter ingerido bebida alcoólica

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Voltei
Ah, entendi. Minc, confessadamente, não estava nem “careta” nem “a seco”. Eis o compromisso do governo Lula, em versão dançante, com o combate às drogas. Morrem, assassinadas, por ano, no Brasil, 50 mil pessoas, boa parte delas em razão do tráfico de drogas.

Se havia gente naquele show de que Minc participou, ele inclusive, que não estava “careta”, então é porque estava drogada. Se estava drogada, comprou a droga de alguém — ou, então, é um produtor, o que também é proibido. Isso significa, evidentemente, alimentar o narcotráfico e o crime.

“Ah, mas há quem seja favorável à legalização das drogas, é um direito ser favorável”. É, sim, Mas fazer a apologia das drogas, como naquele vídeo, é crime.

Juízes
Aqui, reparo o que acabou sendo uma injustiça com os juízes. Escrevi outro dia, “houvesse juízes em número e coragem suficiente para enquadras este senhor…”, ou algo assim. Só brincava, de modo que soou impróprio, com a famosa frase “Ainda há juízes em Berlim”. Não! Juízes não podem fazer nada sem que o Ministério Público se pronuncie antes. Mas o silêncio do MP, até agora, é sepulcral. É óbvio que Minc fez apologia das drogas naquele seu constrangedor rebolado.

O governo quer mudar a política de combate às drogas? Que tenha a coragem de fazer o debate com a sociedade. Submeter uma questão dessa seriedade à performance ridícula de um coroa disfarçado de adolescente é um vexame, uma crueldade irresponsável com os milhares de jovens que morrem todos os dias, vítima dos fornecedores de toda aquela “alegria”.

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E só para deixar bem claro: não aceitaria jamais ficar no mesmo ambiente de Minc. Para mim, a diferença moral entre ele e alguém que lida profissionalmente com as drogas é só de coragem. Ambos são desprezíveis, mas o outro, ao menos, como diria Padre Vieira, “age debaixo de seu risco”; já Minc atua “sem temor nem perigo”.

E finalmente
Os petralhas parem de encher o meu saco com a tese de FHC, favorável à descriminação da maconha. Ele é? Eu não sou! Se era bom e fácil, por que ele não tentou algo no seu próprio governo? A questão das drogas não se tornou particularmente grave nos últimos oito anos.

A atuação pública de FHC, evidentemente, não se confunde com essa pantomima de Minc, mas nem por isso ela me parece virtuosa. Minhas contraposições a essa tese são conhecidas. Nem vou repetir aqui. Tenho uma enorme simpatia por FHC e acho que seus oitos anos de governo foram vitais para o Brasil. Isso não quer dizer que concorde com ele em tudo. Nessa questão, avalio que sua atuação turva o ambiente e expõe seu partido a um ataque eleitoral e eleitoreiro. Até porque ele é presidente de honra do PSDB; não é um simples militante. Se quer levar a coisa adiante, tem de abrir mão desse simbolismo.

De todo modo, ao cotejar a atuação de FHC com a de Minc, percebemos a diferença entre a defesa política da descriminação da maconha e a apologia das drogas. Num caso, temos a exposição de um ponto de vista; no outro, um crime.

Mais claro do que isso, só tirando um retrato!!!

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