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AINDA A LÓGICA: A FALSA DISPUTA GLOBO x RECORD

Abaixo, escrevi sobre a falácia lógica que consiste em transformar conseqüência em causa e em tomar a resposta à pergunta “Cui Bono?” (“A quem interessa?”) como prova de autoria. O que falei em relação a política vale para qualquer outro assunto. Vamos a um exemplo do momento? Certa delinqüência subjornalística pretende que o escândalo envolvendo […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h05 - Publicado em 14 ago 2009, 20h41

Abaixo, escrevi sobre a falácia lógica que consiste em transformar conseqüência em causa e em tomar a resposta à pergunta “Cui Bono?” (“A quem interessa?”) como prova de autoria. O que falei em relação a política vale para qualquer outro assunto. Vamos a um exemplo do momento?

Certa delinqüência subjornalística pretende que o escândalo envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus e a Rede Record não passa de uma trama urdida pela Folha de S. Paulo e pela Rede Globo, em particular por esta, já que teria interesse em prejudicar os interesses comerciais da concorrente. Pouca gente se dá conta de que já aqui há algo bastante especioso: a possibilidade de o noticiário sobre uma igreja prejudicar os interesses de uma empresa de comunicação só nos informa que uma das duas está fora do lugar. Mas sigamos.

Ora, ainda que fosse verdade que a Globo pudesse se beneficiar de um noticiário negativo envolvendo a Record, isso não a coloca na origem dos dissabores da outra: conseqüência não é causa; o fato de algo ter vindo “depois disso” não o torna a “causa disso”.

Pilantras a soldo inventam as teorias mais disparatadas e a oferecem aos incautos, feito esses bandidos que vendem bilhete de loteria premiados para velhinhos aposentados. Isto: os que acreditam nessas bobagem são os velhinhos aposentados de espertalhões.

Há uma outra vertente que se pretende mais honesta e sofisticada. Muitos gritam de mãozinha na cintura: “Precisamos ser isentos nessa disputa!” Qual disputa, caras pálidas? E qual é a forma dessa isenção? Procurar desesperadamente notícias contra a Globo quando a Record está na berlinda e contra a Record quando acontece o contrário. Ora, quem faz essa escolha não é isento coisa nenhuma. É apenas um idiota a serviço ora de um lado, ora de outro. O mesmo vale para a política: compensar as notícias contra o PT com notícias contra o PSDB e vice-versa não caracteriza isenção de ninguém. Isso só torna o jornalismo refém dos atores em disputa.

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A única referência da isenção é a verdade, não o juízo que A faz de B e que B faz de A. “Ah, mas o que é a verdade?” Ora, não estou me referindo às grandes e irrespondíveis questões individuais ou existenciais. A única preocupação de um repórter tem de ser o fato. Aquele que é verdadeiramente isento não indaga a quem isso ou aquilo interessam. Existe a possibilidade de a Globo se beneficiar com o noticiário negativo sobre a Record (acho isso bobagem, mas vá lá…)? Paciência! Jornalista  e jornalismo não são administradores da realidade. Não lhes cabe interferir na cena, dosando as informações de acordo com as conveniências e os interesses de um ou de outro.

Ademais, quem se preocupa muito em não ser inocente útil de um acaba inocente útil do outro. A referência do jornalista isento, repito, é a verdade. A conversa de que certo está quem desagrada a todos é uma grande besteira. Entre o crime organizado e a polícia, por exemplo, onde está a isenção? Temos de ser é rigorosos, segundo a lei, com o crime e com a polícia.

“Ah, Reinaldo, mas a gente pode gostar ou não da verdade, sem que isso tenha qualquer implicação legal.” É verdade! Nesse caso, entramos num outro terreno: aquele das escolhas, dos valores, que é justamente onde atuo. E isso será matéria para outro texto.

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