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“A Bolsa Jabuti” para a ficcionista Maria Rita Kehl, a heroína de Itararé da esquerda descolada

Prometi escrever mais um post sobre o Prêmio Jabuti, cujo símbolo deveria ser uma hiena — que ataca em bando —, e faço-o agora. A premiação política não foi só a de Chico Buarque, acompanhada de gritos e apupos de “Dil-má/ Dil-má”. Também a distinção de melhor livro de “Não-Ficção” obedeceu ao corte ideológico: a […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h42 - Publicado em 6 nov 2010, 05h55

Prometi escrever mais um post sobre o Prêmio Jabuti, cujo símbolo deveria ser uma hiena — que ataca em bando —, e faço-o agora. A premiação política não foi só a de Chico Buarque, acompanhada de gritos e apupos de “Dil-má/ Dil-má”. Também a distinção de melhor livro de “Não-Ficção” obedeceu ao corte ideológico: a agraciada foi a dublê de psicanalista e militante petista Maria Rita Kehl, que protagonizou recentemente um espetáculo triste na imprensa. Ao menos nesse caso há alguma coerência: ela ficou em primeiro na categoria “Educação, Psicologia E Psicanálise”, com  “O tempo e o cão”, da Boitempo.

Antes que prossiga, uma questãozinha. Supostos “expertos” — ou “espertos?” — em Jabuti me dizem que nem sempre o primeiro de uma subcategoria leva o Grande Prêmio da categoria. Bem, então mandem os juízes para o manicômio  — ou para o divã da Maria Rita Kehl. Se, como “Romance”, segundo os jurados, “Se eu fechar os olhos agora”, de Edney Silvestre, é melhor do que “Leite Derramado”, de Chico Buarque, e se a subcategoria “Romance” integra a grande categoria “Ficção”, Silvestre só pode perder o Grande Prêmio para o primeiro lugar de alguma outra subcategoria: “Contos”, por exemplo. Perder para o que está em segundo no seu próprio grupo é evidência de arbitrariedade; é piada! Mas sei bem… Chico Buarque ainda vai se notabilizar por ganhar prêmios antes mesmo de concorrer. O tempo dirá.

Não li o livro de Kehl, é claro! Já vi um ou outro artigos seus. Tá de boníssimo tamanho. E posso afirmar, de “olhos bem fechados”, que sua premiação também foi um desagravo político — a decisão, no fundo, foi tomada pelo mesmo coro “Dil-má/ Dil-má”. Kehl foi freneticamente aplaudida, como se ali estivesse uma resistente. Era a Rosa de Luxemburgo do Divã! Essa senhora estrelou recentemente um impressionante espetáculo de vigarice política, como há muito não se via. Há tempos, consta, havia certo descontentamento com seus artigos, porque não cumpririam o combinado.  Não seriam as crônicas que se esperavam dela.

Porque os verbos vão no futuro do pretérito, naquela forma que denota incerteza e “dizem por aí”? Porque há diferença de versões entre o que ela sustenta e o que sustentam os que a contrataram e a demitiram. Ela diz que se tratou de um veto político. O Estadão nega. Não ouvi pessoalmente nem um nem outro para me posicionar sobre esse particular. O que sei, aí sim, é que seu último texto publicado no jornal era mesmo motivo para demissão sumária. É o que eu teria feito se comandasse o jornal. Porque ela é petista? Não! Porque ela ofendeu centenas de profissionais decentes e responsáveis que fazem um dos melhores jornais do país — do qual, às vezes, discordo com severidade.

O Estadão expressara em editorial, como todos sabemos, o apoio à candidatura do tucano José Serra à Presidência. Esse particular em nada alterou o espaço dedicado às notícias. O jornal segue infiltrado pelo PT a exemplo das redações do país inteiro. Volta e meia, lá como em toda parte, os “companheiros” mandam o seu recado. Trata-se de um grande jornal, que não está livre do cerco que essa gente faz à imprensa.  Porque ninguém está. Muito bem! E o que fez Kehl?  Escreveu um artigo intitulado “Dois pesos”, pautado pelo puro proselitismo político — campanha eleitoral mesmo, sem medo de ser feliz.

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Era uma peça em defesa do voto em Dilma Rousseff, atacando o jogo sujo na Internet, que seria feito, obviamente, pelos adversários da petista. Os eleitores do PSDB eram tratados como preconceituosos, incapazes de reconhecer os avanços do Brasil. Tanta estupidez já mereceria um rompimento de contrato. O Estadão, é histórico, é  um veículo de uma tolerância quase infinita. Não creio que tenha sido isso a determinar a decisão. O parágrafo realmente inaceitável é o primeiro. Leiam:
Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.”

Não vou discutir, por piedade, o que Maria Rita Kehl entende por “luta de classes”. porque duvido que ela domine a biliografia específica. Se dominar, a gente pode debater. Prestem atenção ao que vai lá em negrito. A “discussão que se faz nas páginas” do Estadão teria ficado “mais honesta” quando o jornal, em editorial, declarou o seu voto. Logo, antes disso, o que se fazia por lá era desonestidade.  Ao declarar o seu voto, o jornal então admitia a sua condição de “serrista” desde sempre. Eis a honestidade intelectual de Maria Rita Kehl, que decidiu assumir o papel de juíza da moralidade alheia. Mobilizando seus amigos no jornalismo e na Internet, saiu gritando: “Fui demitida por delito de opinião”. Uma ova! Foi demitida, quando menos, por falta de respeito com o trabalho de gente HONESTA!

Mas esquerdista sempre ganha, mesmo quando perde, não é? Os mais de R$ 4 bilhões já pagos em indenizações, a Bolsa Ditadura,  não me deixam mentir  — a compensação é justa apenas para quem, de fato, padeceu na mão do estado depois de rendido; o resto é mamata. A suposta perseguição a Maria Rita Kehl (santo Deus!) rendeu-lhe o “Bolsa Jabuti”. No próxima rodada, ela pode concorrer na categoria “Ficção” — vai ganhar se o sambista Chico Buarque não resolver derramar mais leite em ninguém até lá.

A propósito: devolve o prêmio, Chico Buarque!

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