Luiz Henrique mandetta tomou uma dura enquadrada do Planalto há pouco. Escalado para participar da entrevista coletiva desta segunda, no palácio, sobre coronavírus, ele foi orientado pelo time de Bolsonaro a não aparecer.
O motivo: depois da repercussão negativa da entrevista dada por ele ao Fantástico nesse domingo, o governo achou por bem não alimentar o tema. “Se ele viesse, esse seria o principal tema da coletiva. Então, para não aumentar o negócio, a gente cancelou a vinda dele. Amanhã ele participará normalmente”, disse ao Radar uma fonte palaciana.
Um ministro do governo, ouvido pelo Radar, não escondeu a contrariedade dos colegas de Mandetta com a entrevista dada por ele à TV Globo.
Segundo um ministro, o presidente havia baixado uma determinação para que nenhum ministro desse entrevista sobre a crise. Ao falar para o Fantástico, Mandetta não apenas ignorou a ordem presidencial, como reforçou nos colegas de governo o entendimento de que deseja criar uma situação para ser demitido. “Mas quebrou a cara”, diz, sinalizando que Bolsonaro não demitirá o chefe da Saúde agora.
“Mandetta perdeu a oportunidade de apaziguar a relação com o presidente. Ele tinha viajado no fim de semana a Goiás no helicóptero do presidente. Estava tudo certo. Aí o que ele faz? Desrespeita a orientação do presidente e dá uma entrevista para a Globo. Qual a intenção dele ao dar uma entrevista ao Fantástico, sabendo que o presidente detesta a Globo?”, diz questiona um ministro.
Ele mesmo responde: “O presidente havia determinado que não tivesse mais entrevistas. Ele ignorou a determinação do presidente e foi logo para a Globo. Ele claramente quis dar um chute no sado do presidente para ver se o presidente ficava puto e demitia. Mas quebrou a cara e perdeu o apoio dos ministros. Não foi dos militares, foi de vários ministros do governo.”
No núcleo duro do Planalto, a avaliação é de que a entrevista de Mandetta foi “muito ruim” para ele pessoalmente. Nesta segunda, numa reunião de trabalho no Planalto, Paulo Guedes criticou a postura do colega de afrontar o presidente e provocar essa situação. O descontentamento com Mandetta teria chegado a outros ministros influentes do governo, como o chefe da Defesa, Fernando Azevedo.
“Foi muito ruim. Se tá querendo ir embora, pede demissão. O momento é de salvar vidas, não de dar entrevista para provocar o presidente”, disse um ministro ao Radar. “Ele perdeu o apoio que ele havia conquistado dos ministros do governo com essa atitude, se achando o queridinho da imprensa”, complementou.