O banho de água fria de John Kerry no governo Lula
Emissário dos Estados Unidos deixou claro que há um duro caminho a ser percorrido no Parlamento americano para aprovar qualquer repasse ao Brasil
Enviado especial de Joe Biden para o clima, John Kerry passou por Brasília nesta terça provocando alvoroço diante da expectativa de um anúncio de vultosos recursos para o Fundo Amazônia, prometidos pelo presidente dos Estados Unidos a Lula durante a passagem do petista pela Casa Branca no início de fevereiro.
Há boas intenções de ambos os lados sobre o trabalho de cooperação que deve unir os países em torno da Amazônia. Qual o problema? Kerry, nas conversas com autoridades brasileiras, deixou claro que existe um enorme caminho a ser percorrido entre o anúncio de boa vontade de Biden e a liberação efetiva de dólares com o aval do Congresso americano.
“Apesar das boas intenções, Kerry revelou as dificuldades que Biden terá no Congresso para liberar recursos seja para onde for”, diz um interlocutor que acompanhou as conversas em Brasília.
Na reunião que teve com o chefe do Senado, Rodrigo Pacheco, nesta terça, Kerry foi claro sobre as dificuldades do governo para liberar verbas ao Brasil. O foco de tensão está mais na Câmara do que no Senado, segundo Kerry, mas ele impede anúncios mais ambiciosos no momento. Não era, claro, o que o time de Lula e a cúpula do Parlamento brasileiro esperavam ouvir.
Diante do banho de água fria da mensagem do emissário de Biden, o governo Lula tratou de recorrer a um velho método petista para ganhar tempo: não tem dinheiro nem expectativa de ter? Crie-se um grupo de trabalho. Foi o que anunciou Marina Silva, a chefe do Meio Ambiente, nesta terça. A medida deu mais algumas semanas para que os dois governos encontrem uma solução.