A escritora Cléo Agbeni Martins lança na próxima semana o livro “A Travessia”, que aborda a morte como pano de fundo para tratar do precnoceito contra o negro, as religiões de origem africana, a mulher, a homossexualidade masculina ou feminina e os casamentos interraciais.

“A morte é o fio condutor, mas há várias travessias que são feitas. Uma delas é a luta contra o racismo no Brasil, a maneira como a comunidade negra é tratada no nosso país e todo o desrespeito que ela vem sofrendo ao longo de séculos”, afirma a escritora. 

O livro retrata a história de um casal interracial de mulheres e a formação de uma família com um filho adotivo. A narrativa mistura ficção e personagens importantes nos terreiros de religião de matriz africana do Rio de Janeiro. A luta e resistência de Elza Soares também são introduzidas na trama. 

Para a professora da USP Simone Caputo Gomes, além da narrativa ficcional, o livro oferece ao leitor dados historiográficos relevantes. 

“Vale a pena cumprir essa “Travessia” com Cléo Agbeni Martins: pela orquestração das personagens, as estórias encaixadas, os artifícios didáticos de suporte ao leitor (tipo de letra, marcas tipográficas, notas de rodapé esclarecedoras ou de cunho historicista), os temas atuais e passíveis de crítica social que vão sendo discutidos, a abordagem das diferentes religiosidades e variantes da espiritualidade desprovida de falsos mitos e preconceitos”, recomenda a professora de Letras.

“A Travessia” será lançado em 9 de novembro, às 19 horas, na Livraria da Vila da rua Fradique Coutinho, em Pinheiros. É a décima sexta obra de Cléo Agbeni Martins, uma das pioneiras ao abordar o tema de orixás em livros e colunas de jornais.