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“Bom dia meu líder”: como mensagem de WhatsApp levou a PF a Carlos Jordy

Conversa do deputado bolsonarista com Carlos Victor de Carvalho, apontado pela investigação como "liderança da extrema direita", embasou decisão de Moraes

Por Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 16h48 - Publicado em 18 jan 2024, 13h33

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a 24ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela PF nesta quinta-feira, destaca uma conversa entre o deputado federal bolsonarista Carlos Jordy (PL-RJ), alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela manhã, e Carlos Victor de Carvalho, apontado pela investigação da Polícia Federal como “uma liderança da extrema direita” de Campos dos Goytacazes (RJ).

Após analisar mídias e dados obtidos em contas de e-mail ou em fontes abertas, foi possível colher indícios que os dois possuem “fortes ligações”, segundo a PF, que transpassam “o vínculo político, vindo denotar-se que o  parlamentar além de orientar tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”.

Leia a decisão de Moraes na íntegra:

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Carvalho é vereador suplente da Câmara Municipal de Campos e servidor da Assembleia Legislativa do Estado do
Rio.

“Foi categoricamente identificado que CARLOS VICTOR é uma liderança da extrema-direita local, ele mesmo se intitula como tal em suas redes sociais. Insta salientar que aquele é responsável por administrar mais de 15 grupos de WhatsApp cujas temáticas são de extrema direita, tal como há diversos elementos de prova, conforme  demonstrado nas informações de polícia judiciária que aquele organizou diversos eventos antidemocráticos na cidade de Campos”, diz o relatório da PF reproduzido na decisão de Moraes, assinada no último dia 4.

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A autoridade policial julgou “mais grave” que o vínculo entre os dois não seja apenas para fins políticos partidários, mas também “com a intenção de ordenar a prática de crimes contra o Estado de Direito”. A “linha investigativa” foi levantada após a descoberta da seguinte troca de mensagens entre Carlos Victor e Jordy, do dia 1º de novembro de 2022:

“Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo”, escreveu o apoiador.

“Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?”, respondeu o deputado federal.

“Posso irmão. Quando quiser pode me ligar”, informou Carlos Victor.

“Vale lembrar que em tal data ocorria os bloqueios de rodovia em todo Brasil, inclusive em Campos, e tal diálogo em que CVC chama o parlamentar de meu líder, pedindo direcionamento quanto “parar tudo”, levanta fortes suspeitas da participação de CARLOS JORDY nos atos que aqui ocorreram”, destacou a PF.

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A investigação apontou ainda outro fato que contribui com a sustentação da linha investigação de participação do parlamentar: no dia 17 de janeiro de 2023, quando Carlos Victor estava foragido, Jordy fez contato telefônico com ele.

“Sendo que, como parlamentar, representante da população brasileira, ao tomar conhecimento do destino do foragido seu dever como agente público seria comunicar imediatamente a autoridade policial”, afirma o relatório policial.

Na sua decisão, Moraes apontou que as diligências da PF “revelaram uma forte ligação” entre ele e o outro investigado. E também a “presença de indícios de que o parlamentar seria a pessoa que efetivamente orientava as ações em tese organizadas por CARLOS VICTOR, não se tratando portanto apenas de uma relação de afinidade entre ambos”.

Sobre o contato telefônico em janeiro do ano passado, o ministro do STF apontou que o fato foi ressaltado pela PGR, e seria suficiente a “justificar a necessidade de que seja investigado”.

Veja a manifestação da Procuradoria-Geral da República:

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