Bolsonaro avisou ministros que seria “contundente” com embaixadores
Vídeo revelado pelo STF mostra que ex-presidente já planejava ser incisivo com diplomatas em reunião que lhe custou o direito de disputar eleições
O vídeo exposto pelo STF nesta sexta-feira da reunião ministerial de 5 de julho de 2022 mostra que Jair Bolsonaro incitava os ministros sobre supostas fraudes eleitorais e exigia uma postura “mais contundente” dos auxiliares.
“A guerra de papel e caneta, a gente não vai ganhar essa guerra, nós temos que ser mais contundentes”, afirmou o ex-presidente a seus ministros.
“Vou começar a ser (contundente) com os embaixadores porque se aparecer o Lula com 51% no dia 2 de outubro, acabou. Até reagir vai ser um caos, vai pegar fogo o Brasil”, acrescentou.
A reunião com embaixadores ocorreu dias depois, ainda naquele mês de julho. No entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, Bolsonaro cometeu abuso de poder no encontro, que foi desviado de sua finalidade para levantar suspeitas contra as eleições, e por isso está inelegível.
O ex-presidente fala aos diplomatas que há um inquérito da Polícia Federal em aberto desde 2018. Ele usa o mesmo argumento na reunião ministerial para levantar suspeição sobre o processo eleitoral.
“No próprio inquérito da PF, começou em novembro de 2018 e não fechou ainda, não era nem para ter tido eleições em 2020. Eles falam sobre números mexidos nas eleições”, disse o ex-presidente ao seus ministros.