A revelação constrangedora de Delgatti sobre as Forças Armadas
Hacker afirmou que colaborou para relatório de técnicos militares sobre as urnas eletrônicas
No depoimento que deu aos investigadores da Polícia Federal, Walter Delgatti, o hacker que atuou com Carla Zambelli no plano aloprado de invasão das urnas, diz que suas “explicações” sobre o sistema da Justiça Eleitoral foram usadas pelas Forças Armadas no famoso relatório de vulnerabilidade das urnas elaborado por militares para fundamentar o discurso de Jair Bolsonaro em 2022.
Delgatti, que ficou conhecido após o vazamento de dados da Lava-Jato, confirmou à PF que se reuniu com o ex-presidente no Palácio da Alvorada, conforme revelou VEJA. Na ocasião, Bolsonaro havia lhe consultado para saber se poderia invadir uma urna eletrônica caso tivesse acesso ao código-fonte.
“O declarante, conforme saiu em reportagem, encontrou o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código-fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica, mas isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal”, diz o relatório sobre o depoimento do hacker.
“O declarante não poderia ir até lá, sendo que tudo que foi colocado no Relatório das Forças Armadas foi com base em explicações do declarante, o que já foi publicado na VEJA”, segue o documento que autorizou a operação desta quarta-feira.
Em novembro do ano passado, um relatório de técnicos militares que fizeram uma fiscalização paralela nas eleições presidenciais “não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”, conforme nota assinada pelo Ministério da Defesa, à época chefiado pelo general Paulo Sérgio Oliveira.