A razão do racha
A discordância entre Nélio Machado e David Teixeira Azevedo na defesa de Fernando Baiano, que culminou com a saída de Teixeira Azevedo do caso (leia mais aqui), começou lá atrás e está relacionada ao depoimento bomba em que Júlio Camargo citou Eduardo Cunha e complicou a vida de Fernando Baiano. Os autos da Lava-Jato mostram […]
A discordância entre Nélio Machado e David Teixeira Azevedo na defesa de Fernando Baiano, que culminou com a saída de Teixeira Azevedo do caso (leia mais aqui), começou lá atrás e está relacionada ao depoimento bomba em que Júlio Camargo citou Eduardo Cunha e complicou a vida de Fernando Baiano.
Os autos da Lava-Jato mostram onde está a raiz da discordância.
Partiu da defesa de Baiano o pedido para interrogar novamente Alberto Youssef, Júlio Camargo e funcionários da Petrobras que atuaram na auditoria do contrato com a Toyo Setal.
O pedido soou estranho a quem acompanha a Lava-Jato de perto. Afinal, Youssef, Camargo e o chefe dos auditores, Paulo Rangel, já haviam deposto, e o teor de todos os depoimentos favorecia Fernando Baiano.
Primeiro, nos depoimentos anteriores, Youssef e Camargo haviam se contradito. Youssef dizia que Cunha era o beneficiário final da propina, enquanto Camargo afirmava não lembrar disso. Paulo Rangel também havia ido mal no depoimento, enfraquecendo a auditoria da Petrobras e, portanto, ajudando a defesa de Baiano.
Sérgio Moro atribuiu o esforço da defesa à tentativa de protelar o processo, mas autorizou os novos depoimentos.
Foi um tiro no pé.
Youssef não deu dados novos, mas Camargo disse que Baiano era um sócio oculto de Eduardo Cunha. Os funcionários da Petrobras não repetiram o mau depoimento do chefe e também complicaram Baiano.
Coincidentemente, David Teixeira Azevedo recusou-se a ir à audiência fatídica daquela quinta-feira, não assinou mais nenhuma petição do caso e agora está fora da defesa.
Enquanto isso, Baiano ontem recebeu mais uma prisão preventiva. Sem topar delação premiada, ainda deve ficar um bom tempo no xadrez de Sérgio Moro.