Enquanto a Justiça não decide se anula ou não a sentença arbitral que decidiu que a J&F Investimentos entregue a Eldorado Celulose para os indonésios da Paper Excellence, o processo segue correndo no tribunal arbitral e vai ser palco de um novo round desta briga travada pelos donos das duas empresas. A Paper Excellence quer botar pressão sobre a J&F e vai pedir que os árbitros retenham parte dos 4 bilhões de reais que devem ser entregues à empresa de Joesley Batista por conta da decisão arbitral, segundo fontes próximas ao processo. O argumento que vai ser usado é de que existe o risco que, ao fim da apuração das indenizações, a J&F não pague o valor que for estipulado. Assim, a retenção de parte do pagamento serviria como garantia.
A arbitragem está em fase de apuração destas possíveis indenizações. Basicamente, nesta parte do processo, os árbitros decidem se a Paper Excellence tem direito a ser ressarcida por conta da demora em assumir a Eldorado, já que os árbitros reconheceram que a empresa de celulose é dela de direito. Os advogados da Paper alegam, por exemplo, que houve uma espécie de lucros cessantes durante todo o tempo da briga, já que, sem poder tomar posse da empresa, não puderam fazer investimento em uma segunda linha de produção e calculam um prejuízo diário de 1,8 milhão de reais, o que daria, por ano, uma indenização de 657 milhões de reais. Só a arbitragem dura dois anos. Ou seja, a Paper quer tentar mostrar que a J&F poderá sair sem nada da briga, ou com um valor bem inferior aos 4 bilhões acertados. Resta saber se os árbitros vão concordar com a Paper de que existe um risco de a J&F não pagar as indenizações e também qual valor será devido.
Por enquanto, os 4 bilhões de reais estão retidos até que haja uma decisão da Justiça. Além disso, o tribunal arbitral ainda precisa escolher um novo árbitro, depois que o advogado Anderson Schreiber renunciou ao processo. Ele foi acusado de ser parcial pela J&F, que tenta anular a decisão na Justiça. Schreiber renunciou com uma extensa carta endereçada ao tribunal dizendo que não fez nada de errado como alega a J&F.