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Por Renato Meirelles
Renato Meirelles é pai da Helena, acredita que a Terra é redonda, está à frente do Instituto Locomotiva e, neste espaço, interpreta os números muito além da planilha Excel
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O ‘workaholic’ por trás do Censo 2022

Servidor de carreira do IBGE, Cimar Azeredo assumiu presidência do órgão em janeiro e finalizou a pesquisa mais desafiadora do instituto nos últimos anos

Por Renato Meirelles 14 jul 2023, 11h05

Concluir a pesquisa mais importante do país após dois anos de atrasos e em meio a um dos momentos mais críticos da história do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Este foi o nada simples desafio assumido por Cimar Azeredo, que chegou à presidência do IBGE em janeiro deste ano. Com perfil discreto e técnico, que nem sempre é comum em cargos de chefia do poder público, ele conseguiu somar esforços e articular parcerias inéditas para a conclusão do Censo mais desafiador dos últimos anos e que marcou os 150 anos da primeira pesquisa censitária do país.

Compreender esse esforço e a importância histórica da pesquisa que começou a ser divulgada é tão necessário quando interpretar os dados sobre a população brasileira que surpreenderam até experientes pesquisadores. E aqui cabe lembrar o que foi o tenebroso período pelo qual passou o IBGE nos últimos anos. O que começou com uma paralisação necessária das pesquisas devido à pandemia de Covid-19 em 2020 logo avançou para uma tentativa inédita do governo de inviabilizar a pesquisa no ano seguinte.

Nas discussões sobre o orçamento em 2021, a então gestão negacionista do governo federal anunciou nada menos que um corte de 96% na verba prevista para pesquisa. O episódio levou à demissão da então presidente do IBGE. Graças a uma reação do Supremo Tribunal Federal, que determinou que a verba para custear o levantamento fosse garantida no orçamento de 2022, o Censo começou a ser realizado no segundo semestre do ano passado. As dificuldades, porém, não cessaram. Na esteira do negacionismo inflamado nos últimos quatro anos os recenseadores foram agredidos de forma inédita durante o levantamento e viram disparar o número de pessoas se recusando a responder os questionários.

Os moradores de nada menos que um milhão de domicílios não responderam à pesquisa, fazendo a porcentagem de recusa superar os 4% de todos os lares brasileiros. Em 2010 essa porcentagem foi de 1,6%. Foi neste cenário conflagrado que o recém-empossado governo petista decidiu colocar Cimar Azeredo, então diretor de pesquisas, à frente do IBGE. Estatístico de formação, ele participou do analógico Censo na década de 1980 e desde então galgou sua carreira na coordenação de diferentes frentes de pesquisa do IBGE.

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Conhecido pelo seu estilo “workaholic hiperativo”, segundo colegas de trabalho, Azeredo foi responsável, dentre outros, pelo projeto de implantação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua em 2012, um dos três levantamentos mais procurados do IBGE; pelo projeto de implantação da Pesquisa Nacional de Saúde em 2013, e mais recentemente pelo projeto de implantação da PNAD COVID-19. Ao assumir o Censo 2022 imprimiu pragmatismo na execução da pesquisa.

Para superar o desafio de levar os recenseadores às favelas brasileiras, ele decidiu fechar a primeira parceria da história do órgão com o Datafavela, instituto pioneiro em pesquisas nas favelas brasileiras, e a Central Única das Favelas (Cufa). Somado a isso, ele ampliou o uso de tecnologias na pesquisa e reforçou junto a toda equipe a importância do Censo enquanto uma pesquisa que não pertence ao IBGE, mas sim de todos os brasileiros. Azeredo trouxe a sociedade civil para o debater o Censo, conseguiu mobilizar a população sobre a importância da pesquisa após o período de negacionismo que o Brasil viveu nos últimos anos.

Se ele é unanimidade dentro do IBGE? Este colunista não pode afirmar isso, mas é fato que ele conseguiu entregar a pesquisa em meio a desafios sem precedentes e que, pelos relatos que tem chegado à coluna, os desafetos de Azeredo tem andado meio sumidos desde que o resultado do Censo 2022 veio a público. Que o país saiba aproveitar mais seus Azeredos!

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