O Guns N’ Roses enfrenta um impasse difícil de resolver. Dono da banda, o vocalista Axl Rose não pode ser demitido, mas também não tem a menor condição de continuar cantando. A apresentação que o grupo fez nesta quinta-feira, 8, no Rock in Rio, beirou a tortura para os fãs. Embora a banda esteja entrosada e tocando melhor do que nunca, a voz de Axl soa esganiçada e desafinada, tornando algo que deveria ser prazeroso em um sofrimento sem fim.
Famosa por seus longos atrasos, a banda entrou no palco cinco minutos após o horário programado, mas o início promissor logo se mostraria efêmero. O grupo abriu a apresentação com músicas mais graves, como It’s So Easy e Mr Browstone, para só depois de estar com a voz aquecida, Axl finalmente cantar Welcome To The Jungle, faixa aguda que tradicionalmente abria os shows. Não por acaso, a dificuldade de segurar os agudos foi compensada pelos vocais de apoio do baixista Duff McKagan e pela perícia de Slash na guitarra.
Entre o público, era notório o desconforto com a performance de Axl Rose, de 60 anos, com comentários por vezes jocosos de que sua voz estava tão estranha que parecia se tratar do dublador do Mickey Mouse. Ela foi comparada ainda a de um garoto pré-adolescente, com as variações de tom entre agudo e grave.
Como resultado, muita gente debandou da Cidade do Rock antes do fim. Lá pela metade do show, que teve 2h30 de duração, já era possível caminhar com relativa tranquilidade entre o público em espaços onde antes era impossível se mover.
Talvez o momento mais curioso tenha sido na música Knockin’ On Heaven’s Door, cover de Bob Dylan, em que Axl surgiu com um chapéu e uma camisa com a bandeira do Reino Unido, em homenagem à rainha Elizabeth II, que morreu nesta quinta-feira. Certamente nenhum fã de Guns N’ Roses esperava uma grande performance vocal de Axl, mas também não precisava ter sido tão chocante.
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