Assine VEJA por R$2,00/semana
Noblat Por Coluna O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Sob o domínio da farsa

Assim como Lula, Jair Bolsonaro agride a lei eleitoral

Por Mary Zaidan
Atualizado em 26 ago 2018, 10h00 - Publicado em 26 ago 2018, 10h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O horário eleitoral obrigatório de rádio e TV começa na próxima sexta-feira, abrindo a etapa decisiva de uma eleição em que a farsa domina. Candidaturas falsas, burla de leis e mentiras deslavadas quanto ao financiamento das campanhas são exemplos da dimensão do embuste.

    Publicidade

    O líder nas pesquisas para a Presidência da República está preso por corrupção e lavagem de dinheiro, condenado à inelegibilidade por força da Lei da Ficha Limpa. Nem deveria figurar nas sondagens eleitorais. Mas continua falseando sua candidatura, e, da cadeia, dá ordens e faz troça com o povo. Em meados de setembro será substituído pelo vice de mentirinha, que acaba de virar réu por superfaturamento das ciclovias paulistanas, espalhadas à deriva quando foi prefeito da cidade. Para tentar fincar seu poste terá dois blocos de 2 minutos e 23 segundos e 189 inserções de 30 segundos.

    Publicidade

    O candidato que lidera quando o presidiário não aparece nas simulações encarna valores de arrepiar. Entre eles a obsessão por armas de fogo, a ponto de se vangloriar por seus filhos terem atirado com balas de verdade aos cinco anos de idade. Militarista assumido, já escancarou sua índole homofóbica, e pode virar réu, na terça-feira, por crime de racismo, caso o STF acate denúncia da Procuradoria-Geral da República.

    Assim como Lula, Jair Bolsonaro agride a lei eleitoral, realizando campanha antecipada há mais de ano, sem receber nem mesmo uma advertência. A vantagem ilegal se reflete nos números das pesquisas de ambos. Agora, o ex-capitão terá de se virar com 8 segundos em cada bloco e 11 comerciais de 30 segundos durante os 35 dias de propaganda de rádio e TV.

    Publicidade

    Entre os candidatos do pelotão intermediário, Marina Silva contará com míseros 21 segundos em cada bloco e 29 inserções de 30 segundos, menos de uma por dia. Com uma coligação envolvendo nove partidos, Geraldo Alckmin disporá de 5 minutos e 32 segundos por bloco e 434 comerciais, 14 por dia – única aposta do tucano para tentar cruzar a linha de chegada do primeiro turno

    Continua após a publicidade

    A gratuidade do horário eleitoral é outra lenda. Só é grátis para os partidos políticos e seus candidatos. Para os pagadores de impostos a conta é salgada.

    Publicidade

    Neste ano, o Tesouro vai perder cerca de R$ 1 bilhão de arrecadação das mais de 10 mil emissoras de rádio e 320 de televisão existentes no país. Isso porque, por lei, elas podem descontar dos impostos devidos 80% do que faturariam com anúncios. As estimativas feitas pela ONG Contas Abertas também apontam o custo real por eleitor: R$ 6,90, quase duas vezes e meia a mais do que os R$ 2,80 de 2016.

    Na eleição deste ano será inaugurado outro desatino: o Fundo Especial de Financiamento da Democracia, nome mentiroso para o fundo eleitoral, criado a partir do argumento de que democracia custa caro, e fixado em R$ 1,7 bilhão. Dinheiro do bolso do cidadão para engordar as contas dos partidos políticos, que, por não representarem nada, não conseguem ser financiados por filiados e simpatizantes.

    Publicidade

    Somam-se outros R$ 888,7 milhões do fundo partidário, cuja utilização nas campanhas foi autorizada pelo TSE, totalizando R$ 3,5 bilhões de recursos públicos para irrigar políticos. Nada menos do que R$ 51,3 milhões por dia se computados os 72 dias oficiais de campanha – 52 no primeiro turno e 20 no segundo.

    Continua após a publicidade

    É dinheiro a rodo. Em tese, para barrar a corrupção, que teria origem no financiamento empresarial.

    Publicidade

    Um engodo a mais. Até porque já se provou que o crime não reside nas doações declaradas de pessoas jurídicas, mas na troca de favores entre políticos e empresários – mantidas mesmo depois do Mensalão e da Lava-Jato – e no caixa dois, que lei alguma consegue deter.

    Para além das investigações da polícia e do Ministério Público e das ações da Justiça, coibir a corrupção dependeria de mecanismos mais eficazes de fiscalização. Algo que o Congresso Nacional nem imaginou debater por estar na contramão do interesse da maioria dos parlamentares.

    Em 2016, eleições municipais foram realizadas sem financiamento de empresas e sem fundo público. A experiência foi exitosa e, por óbvio, passou longe de comprometer a democracia, que não necessita de dinheiro e sim de respeito.

    Continua após a publicidade

    Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan 

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.