Receita de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, para reduzir o número de massacres de inocentes nas escolas do seu país: armar os professores. Sim, armá-los. “Escolas sem armas são um ímã para assassinatos em massa”, disse ele no twitter, meio que se vale para governar a maior potência do mundo.
Receita de Jair Bolsonaro, deputado federal (PSC-RJ) e aspirante a candidato a presidente da República do Brasil, para reduzir o número de mulheres vítimas de violência doméstica: armá-las. Sim, estimulá-las a comprar armas para se defender dentro de casa de possíveis ataques dos maridos ou companheiros.
Foi o que Bolsonaro prescreveu, ontem, na cidade de Hamamatsu, a 200 quilômetros de Tóquio, capital do Japão. Ali vivem pouco mais de 9 mil brasileiros. É a maior colônia em terras japonesas. Bolsonaro foi recebido na estação de trem da cidade aos gritos de “Mito”. Falou, depois, para 350 pessoas reunidas num restaurante. Pegou o trem e foi embora.
Tosco pela própria natureza, disse assim, a certa altura de sua apresentação: “A mulher vai querer aquela palhaçada da Lei do Feminicídio? Tem que ter uma pistola em casa. O vagabundo quando quer fazer uma maldade para uma mulher já sabe que ele está errado, mas se a mulher tiver uma arma em casa ele não vai fazer besteira.”
Não disse onde as mulheres vítimas de violência, a maioria delas de pouca ou nenhuma renda, vão encontrar dinheiro para comprar armas. Nem indicou um só país onde tal solução tenha dado certo. A Lei do Feminicídio incluiu o assassinato de mulheres só pelo fato de serem mulheres na lista dos crimes hediondos, sujeitos a penas maiores.
Com uma taxa de 4,8 assassinatos em 100 mil mulheres, o Brasil ocupa a quinta posição em um ranking de 83 países com o maior índice de homicídios femininos, segundo dados do Mapa da Violência 2015. Somente em 2013, foram assassinadas 4.762 mulheres, quase 13 por dia. Entre 2003 e 2013, o número de assassinatos cresceu mais de 21%.
Trump não é problema nosso, embora suas loucuras possam nos atingir por tabela. Bolsonaro é problema para todos por aqui que tenham o mínimo de sensatez, discernimento e preocupação com o futuro do país.