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Os filhos abandonados da pátria que os pariu

Bando respondendo a bando matando principalmente inocentes. Para aterrorizar

Por Tânia Fusco
Atualizado em 30 jan 2018, 15h00 - Publicado em 30 jan 2018, 15h00
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  • O ano nem engrenou e o belo estado do Ceará já soma uma chacina de 14 pessoas, seguida de nada enigmáticos outros 14 assassinatos, mais 10 mortos em cadeia pública onde se amontoam 113 presos em espaço previsto para “até 25”.

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    Mais uma vez, a autoridade constituída veio a público e explicou-se: teremos “todo rigor na apuração” (da chacina e etc.). Isso porque no temerário reino que abriga o Ceará nem toda apuração é necessariamente rigorosa. Vai daí que na derradeira estatística sobre mortes violentas no reino em questão tivemos 61.619 assassinatos – 29,9 para cada 100 mil habitantes. O nordeste – Sergipe, Rio Grande do Norte e Alagoas – liderava a carnificina.

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    Os números são de 2016. Mesmo ano em que os investimentos em Segurança Pública foram reduzidos em 10%. E seguiu por aí em 2017. Com as autoridades constituídas sempre exigindo a tal da apuração rigorosa. Aliás, prontamente cumprida, como indicam estatísticas – apenas 6% dos crimes de morte investigados são solucionados. Punidos? Ta de brincadeira.

    Não seria diferente no Ceará que, no sábado, 27, acordou contando nova chacina. No ano passado foram cinco. A primeira de 2018 foi a maior já registrada no estado: 14 mortos – 8 mulheres, 6 homens – , fuzilados por artilharia pesada de encapuzados, dentro e fora de um clube de forró na periferia de Fortaleza. Jovens, apenas 3 com antecedentes criminais. Novidade?

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    Enquanto a polícia segue buscando causas e autoria dos 14 assassinatos ocorridos no dia seguinte ao da chacina o povo nem vacila: Foi forra. Bando respondendo a bando matando principalmente inocentes. Para aterrorizar.

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    Vivemos entre bandos – palavra definida no dicionário como conjunto de animais ou agrupamento de pessoas. Compostos exclusivamente de gente, nossos bandos são muitos e variados. O majoritário congrega atônitos e acarneirados exemplares dos abandonados filhos da pátria que os pariu. Vítimas.

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    Dentro dos bandos há também bandas, não no sentido de conjunto musical, nem de metade, de faixa de pano ou de rasteira, mas de facção, que é o termo mais usado pela banda oficial dos bandos das polícias.

    Todo o reino sabe: cada um dos seus presídios é comandado por alguma facção – banda de algum dos bandos do crime dito organizado, que manda e desmanda cada vez mais.

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    Nem mesmo o bando dos acarneirados escapa da divisão em facções. São também muitas. Algumas barulhentas, outras silenciosas. Todas agora atuando no modo revoltadamente passivo.

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    Nesta semana, fica por conta do Ceará outra das investigações rigorosas. Jogo de cena. Autoridades estaduais constituídas querem saber quantas facções há entre os 113 presos da cadeia para 25? Averiguam, inclusive, se a decisão sobre a abertura de vagas aconteceu com conversas republicanas ou não? E, por ultimo, decidem qual das facções responderá “exemplarmente” pelas vagas abertas na masmorra de Itajé, segunda, 29/01?

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    Ta puxado.

    * “Os filhos abandonados da pátria que os pariu” é o enredo da escola de samba Beija Flor de Nilópolis para o Carnaval. Bora cantar?

    Prisões (Suhaib Salem/Reuters/VEJA)

    Tânia Fusco é jornalista, mineira, observadora, curiosa, risonha e palpiteira, mãe de três filhos, avó de dois netos. Vive em Brasília. Às terças escreverá sobre comportamentos e coisinhas do cotidiano – relevantes ou nem tanto.

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