Este blog faz 14 anos, hoje
Não existe jornalismo imparcial. Existe jornalismo honesto
Este blog faz 14 anos, hoje
Por Ricardo Noblat
Não existe jornalismo imparcial. Existe jornalismo honesto
Sob o título “É o início”, postei aqui, às 20h57 do dia 20 de março de 2004, o post que se limitava a dizer: “Bem-vindos ao meu blog”.
Nunca entrara antes num blog. Não havia no Brasil blogs sobre política atualizados diariamente. Escrevia uma coluna semanal no jornal carioca O Dia.
Em maio daquele ano, a coluna acabou. E eu pensei que o blog deveria acabar também. Imaginava-o dependente da coluna. E não ganhava um tostão para fazê-lo. Nos Estados Unidos, só uma dezena de blogueiros eram pagos.
Cheguei a me despedir dos leitores do blog. Um deles sugeriu: “Continue fazendo até encontrar um emprego decente”.
Acho que encontrei.
Quando o blog surgiu não havia Twitter nem Facebook. Havia Orkut, que desapareceu. A internet comercial no Brasil só tinha nove anos de criada. O iPhone só surgiria em 2007.
Foi em 2013 que o Brasil registrou mais de 50% de sua população conectada à rede.
O blog atravessou até aqui as eleições de 2004, 2006, 2008, 2010, 2012 e 2014, sendo três delas presidenciais.
O alvo preferencial de suas críticas ao longo destes 14 anos foi o ex-presidente Lula, por razões compreensíveis, creio.
Em segundo, terceiro e quarto lugares, a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente José Sarney e o senador Renan Calheiros.
Agradeço aos que já colaboraram com o blog e aos que ainda colaboram. Aos portais que o acolheram – IG, O Estado de S. Paulo e O Globo. À VEJA que o acolhe desde janeiro último. E aos leitores acima de tudo.
Reproduzo artigo que escrevi há 8 anos nessa mesma data. É a minha Carta aos Brasileiros. Ou melhor: aos leitores.
“Este é um dos mitos cultivados há mais de séculos: jornalista é imparcial. Ou tem obrigação de ser.
Ninguém é imparcial. Porque você é obrigado a fazer escolhas a todo instante. E ao fazer, toma partido.
Quando destaco mais uma notícia do que outra, faço uma escolha. Tomo partido.
Quando opino a respeito de qualquer coisa, tomo partido.
Cobre-se do jornalista honestidade.
Não posso inventar nada. Não posso mentir. Não posso manipular fatos.
Mas posso errar – como qualquer um pode. E quando erro, devo admitir o erro e me desculpar por ele.
Cobre-se do jornalista independência.
Não posso omitir informações ou subvertê-las para servir aos meus interesses ou a interesses alheios.
Se me limito a dar uma notícia, devo ser objetivo. Cabe aos leitores tirarem suas próprias conclusões.
Se comento uma notícia ou analiso um fato, ofereço minhas próprias conclusões. Cabe aos leitores refletir a respeito, concordar, divergir ou se manter indiferente.
Jornalista é um incômodo. Mas é assim que deve ser. Se não for incômodo, jornalista não é.”