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Coalizão e crise (por Ruy Fabiano)

O pessoal do Centrão não tem diferenças ideológicas com o governo

Por Ruy Fabiano
Atualizado em 30 jul 2020, 19h07 - Publicado em 7 mar 2020, 12h00
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  • O presidencialismo de coalizão é um sistema de trocas em que as partes não são donas daquilo que estão trocando. Lidam com o que é público, em bases privadas. Os partidos querem cargos e o que mais neles couber; o Executivo quer votos para seguir governando.

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    É impossível fazê-lo sem o Congresso. Até para que o presidente viaje para o exterior, é preciso o aval do Congresso.

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    Na história do Brasil, é verdade, não se registrou nenhum veto a viagens presidenciais. Mas o país vive tempos de “nunca antes”, o que estabelece o ambiente presente de “nunca se sabe”.

    Frise-se que, quando se fala no Congresso, a referência é à sua porção fisiológica. A sadia existe, é numerosa, mas é desarticulada e/ou inexperiente. E os fisiológicos, mais escolados, ocupam postos-chaves das duas casas legislativas, a começar pelas presidências da Câmara (Rodrigo Maia) e do Senado (Davi Alcolumbre).

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    Cabe-lhes formar as comissões técnicas, estabelecer (ou suprimir) prioridades, ainda que contra a maioria. No Senado, por exemplo, Alcolumbre barrou diversas tentativas de uma CPI do Judiciário, ainda que com as assinaturas necessárias, e engavetou todos os pedidos de impeachment a ministros do STF.

    Essa aliança, que envolve o Centrão e partidos de esquerda (PT, PcdoB, PSol etc.), não tem liga ideológica ou doutrinária.

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    O presidencialismo de coalizão não surgiu agora, mas com o PT chegou ao apogeu. Mensalão, Petrolão e outros ãos estabeleceram um patamar inédito na história da corrupção não apenas no Brasil, mas no mundo, dando visibilidade a um processo de que a maioria da população desconfiava, mas não sabia exatamente como era.

    A Lava Jato mostrou.

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    O berço do presidencialismo de coalizão – e coalizão é um eufemismo para o toma lá dá cá – é a Constituinte de 1988. Ali, cogitava-se de implantar o sistema parlamentarista de governo, e nesse rumo surgiram e foram aprovadas as primeiras propostas.

    Na última hora, porém, o governo Sarney decidiu intervir e barrar a mudança. É quando surge o Centrão, beneficiário de uma feroz ação fisiológica por parte do Executivo.

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    Foram distribuídos canais de rádio e TV aos parlamentares e chefes políticos, numa operação de estado-maior, comandada pelo então ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães.

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    Disso resultou o sistema disfuncional que aí está, em que o Congresso tem a última palavra, para vetar projetos ou derrubar vetos presidenciais ou mesmo demolir emergências. A palavra final é do Congresso, mas a responsabilidade final é do Executivo.

    A crise presente, que promete se estender por tempo indeterminado, deriva do fato de que uma das partes, o Executivo, não compareceu ao escambo de praxe. Montou um ministério sem consulta aos chefes partidários, repetindo o mesmo procedimento na montagem dos segundo e terceiro escalões.

    Estabeleceu assim uma rota de colisão com essa porção do Parlamento, a que o próprio partido pelo qual se elegeu o presidente, o PSL, acabou por aderir. Os parceiros agem juntos, mas não têm os mesmos objetivos.

    O pessoal do Centrão não tem diferenças ideológicas com o governo (com nenhum governo, diga-se). Quer apenas acesso aos mecanismos de poder. E a esquerda vê nessa insatisfação um meio de fechar o cerco contra o governo.

    Nas palavras do deputado Marcelo Freixo (PSol-RJ), o termo “resistência” já foi superado: a palavra de ordem agora é “destruir o governo”. Nesses termos, não há diálogo.

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