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Bolsonaro copia Stalin e manda apagar a tragédia do Covid-19

Novo modo de luta contra o vírus

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 18h53 - Publicado em 6 jun 2020, 08h00
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  • Admita-se por uma questão de justiça: tudo o que o presidente Jair Bolsonaro faz de errado (ou seja: quase tudo), ele faz muito bem feito. O caso do combate à pandemia do coronavírus é um exemplo. Bolsonaro poderia ter ignorado o vírus, o que já seria um suicídio político, mas não. Chamou-o de gripezinha, calculou que mataria no máximo 800 brasileiros, como se isso fosse pouco, e declarou que o mais importante seria salvar a economia.

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    Satisfeito? Não. Demitiu o ministro da Saúde, o mais popular do governo, porque ele era… Era o ministro mais popular do governo, o que o incomodava. Substituiu-o por um médico sem experiência em administração pública e tentou impor todas as suas vontades a ele. O médico pediu demissão em menos de um mês. Foi sucedido por um general com fama de ser especialista em logística. A única coisa que se fato sabe é dizer amém a Bolsonaro.

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    Bastou? Não. Para completar sua obra quase perfeita, que o imortalizará quando for escrita a história da pandemia que assolou o mundo no começo do século 21, Bolsonaro apelou para um recurso muito usado pelo ex-ditador comunista soviético Joseph Stalin: apagar imagens que o desagradam. Stalin mandava apagar das fotografias oficiais figuras que haviam caído em desgraça por divergirem dele. Antes ou depois, mandava executá-las.

    Inconformado com o número crescente de mortos pela gripezinha, e assustado com os estragos políticos causados à sua imagem de governante relapso, Bolsonaro mandou apagar os números sobre a tragédia oferecidos por páginas oficiais na internet. No início da noite, saiu do ar o site oficial da covid-19 que apresentava um balanço detalhado sobre a situação da pandemia. No início da madrugada, a página do Portal da Transparência.

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    Um dia após tornar-se o 3º país com mais mortes por coronavírus, o Brasil registrou 1.005 novas mortes nas últimas 24 horas, o que eleva o total para 35.026. É o quarto dia consecutivo que o país contabiliza mais de mil mortes em 24 horas. De quinta para sexta, foram confirmados ainda 30.830 novos casos da doença, o que aumentou o total de casos para 645.771. Isso acontece quando as medidas de isolamento estão sendo relaxadas.

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    O Ministério da Saúde vai recontar o número de mortos. Segundo o milionário Carlos Wizard, ligado a negócios do ramo de hospitais e que já despacha como futuro secretário da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, os dados atuais seriam “fantasiosos ou manipulados”. Antes da ascensão do general e do milionário, ambos bolsonaristas de berço, o ministério reconhecera que há um grande número de subnotificações.

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    Mas não é disse que se trata. Afirma Wizard: “Tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid. Estamos revendo esses óbitos”. Entendeu? Rever para enxugar os números. Enxugar para que eles pareçam menores. Como se isso fosse capaz de desidratar a tragédia. Como se assim fosse possível reescrevê-la.

    O país aguarda os novos números para debochar deles. Nos últimos 3 dias, por orientação de Bolsonaro, o governo atrasou a divulgação dos boletins sobre o coronavírus com o objetivo de prejudicar sua veiculação pelos telejornais no horário nobre. Os boletins saíam nos fins de tarde. Passaram a sair depois das 19h. Ultimamente, perto das 22h. “Não interessa de quem partiu [a ordem]”, decretou Bolsonaro quando perguntado a respeito.

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