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Babá erótica era traficante de maconha

Diário de Avô – Uma celebração à vida

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h00 - Publicado em 16 abr 2020, 12h00
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  • 27.1.2008

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    Babá-eletrônica é tecnologia relativamente antiga. Mesmo assim me espantei com o modelo de babá-eletrônica usado por Sofia e Vitor. Imagino que deva ser o que existe de mais moderno.

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    O aparelho é repleto de pequenos botões que acendem a depender da intensidade dos movimentos feitos por Luana no berço.

    Se ela chora, acendem dois ou três botões. Se chorar forte, acendem todos de uma vez. Se estiver dormindo, mas movimentar um braço, um botão acende. Assim os pais monitoram a filha à distância e sem risco de surpresas.

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    Eles também podem se comunicar por meio da babá. Um artefato fica no berço. O outro com Vitor. O terceiro com Sofia. Caso os dois estejam em ambientes distintos da casa e um deles se distraia, o outro poderá avisá-lo de que Luana se mexeu ou chora.

    Sugeri que adotassem algum tipo de código para evitar o perigo de alguém se apossar de um dos artefatos e se passar por um deles. Vitor, por exemplo, se identificaria como Águia 1. Sofia, como Águia 2. Por segurança, seria aconselhável a mudança do código de tempos em tempos.

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    Desprezaram a sugestão. Sofia lembrou uma das condições que impôs para aceitar nossa hospedagem – a de que eu e Rebeca evitássemos dar palpites sobre a maneira como ela e Vitor cuidam da filha.

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    Estamos livres para conversar com eles sobre qualquer assunto – menos sobre Luana. A não ser que eles tomem a iniciativa. Podemos perguntar se Luana dormiu bem, se mamou ou teve cólica – e nada muito além.

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    Dizer, Rebeca não diz com receio de que Sofia vá embora levando Luana, mas ela desconfia de babás-eletrônicas. E se por acaso der um curto-circuito e o equipamento pifar? E se as pilhas que o alimentam se esgotarem sem que ninguém perceba de imediato?

    É por isso que Rebeca prefere lidar com babás normais, de carne e osso – embora tenha enfrentado sérios problemas com muitas delas.

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    Rebeca é desconfiada por natureza. Desconfia, por exemplo, de forno de microondas – acha que ele tira o gosto da comida. Desconfia de computador – teme que os arquivos sumam de repente. E acima de tudo, desconfia de banco. Comemorou outro dia a notícia de que um deles está encrencado.

    – Eu não disse que até esses bancos grandes não são tão seguros assim?

    No passado, quebrou um banco onde Rebeca depositava suas economias. Ela só conseguiu reavê-las alguns anos depois. Não se recuperou mais do trauma.

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    Sofia teve oito babás nos seus dois primeiros anos de vida. A mais eficiente foi uma gaúcha, descendente de alemães, que atendia pelo nome de Dulce. Um dia ela quis estabelecer horário rígido para que André e Gustavo visitassem a irmã no quarto.

    – Esses meninos são impossíveis – disse a Rebeca no fim do expediente. “A senhora não sabe criá-los”.

    Ouviu como resposta:

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    – Como não sei criá-los, mas também não posso me livrar deles, a senhora vai embora.

    Apelidei a sucessora de Dulce, uma jovem de Brasília chamada Suzana, de “a babá erótica”. Nos fins de semana ela dava massagens em saunas masculinas. Só soubemos disso depois. Acabou demitida quando Rebeca descobriu que ela era traficante de drogas.

    Suzana escondia tabletes de maconha no fundo do armário de Sofia. E também no carrinho de passeio dela. Quando saíamos para trabalhar, Suzana telefonava para os clientes e eles iam buscar suas encomendas. Foi uma vizinha que estranhou o movimento de carros e o entra e sai de Suzana. Perdemos a babá e o ponto que parecia bastante lucrativo.

    A salvação de Rebeca – e, por tabela, de Sofia – foram duas piauienses, Ana e Remédios. Cada uma ficou cinco anos no emprego. Quer dizer: Sofia teve babá até os 12 anos. Razoável, pois não.

    Mais adiante Luana será entregue aos cuidados de uma babá normal. Mas Vitor planeja desde já instalar câmaras de vídeo em pontos estratégicos do seu apartamento para se garantir contra babás que possam causar eventuais danos à sua filha.

    Penso em propor que Luana fique comigo enquanto seus pais estiverem na rua. Eu trabalho em casa. E Joana mora aqui. É ela que ensina Sofia a dar banho em Luana. Não sei se a minha proposta será aceita. Torço para que sim, mas desconfio que não.

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