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Sincericidas: dirigentes do Hamas ignoram civis e querem mais ataques

Traduzindo o terror: "Túneis são para nos proteger", disse um deles; "Vamos repetir o 7 de outubro", prometeu outro

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 Maio 2024, 20h21 - Publicado em 2 nov 2023, 07h41

Não tem media training para esse pessoal. Quando falam para os meios que consideram amigos, dirigentes do Hamas abrem o jogo sem disfarces.

Graças ao Middle East Media Research Institute, Memri, que vasculha entrevistas em árabe, farsi, urdu e outras línguas menos conhecidas em países ocidentais, essas palavras nos chegam em sua versão integral.

A mais recente dessas entrevistas foi dada à televisão estatal libanesa por Ghazi Hamad. Foi ele quem largou no meio uma entrevista à BBC quando o repórter perguntou qual a justificativa para matar famílias que dormiam em suas casas, como aconteceu no 7 de outubro.

Num ambiente mais favorável, Hamad se abriu: “Israel é um país que não tem lugar em nossa terra. Precisamos remover esse país”.

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“Precisamos dar uma lição a Israel e faremos isso de novo e de novo”.

“Haverá uma segunda vez, uma terceira, uma quarta”.

“Ninguém deveria nos culpar. Em 7 de outubro, em 10 de outubro, em um milhão de outubro, tudo o que fazemos é justificado”.

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“Existe um preço a pagar? Existe. E estamos prontos a pagá-lo. Somos chamados de uma nação de mártires e temos orgulho de sacrificar mártires”.

Outro líder do Hamas, Mousa Abu Marzouk, foi bem sincericida ao tratar da questão da proteção à população civil numa entrevista em árabe à Russia Today, um dos canais estatais russos.

O entrevistador faz uma pergunta interessante: “Muitas pessoas se perguntam por que vocês construíram 500 quilômetros de túneis, mas não abrigos antiaéreos para que os civis se protejam durante bombardeios”.

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“Os túneis são para nos proteger dos aviões”, responde Marzouk. “Nós combatemos de lá de dentro”.

E a população desprotegida?

“Todo mundo sabe que 75% da população da Faixa de Gaza é de refugiados e é responsabilidade da ONU protegê-la. Segundo a Convenção de Genebra, é responsabilidade dos ocupantes fornecer todos os serviços necessários”.

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Detalhe: Israel devolveu Gaza em 2005.

Outra compilação feita antes da guerra pelo Memri, que obviamente quer mostrar o Hamas e seus simpatizantes a uma luz nada favorável, trata das fontes de financiamento do Hamas. Yahia Sinwar o líder da organização em Gaza, diz que o grupo terrorista “não precisa de um centavo” do dinheiro destinado a obras de reconstrução no território, e sistematicamente desviado para fins militares.

“O Hamas e as Brigadas Qassam têm suas próprias fontes de financiamento”, esbraveja. “Nesse ponto, temos que dizer algo. Nosso total agradecimento à República Islâmica do Irã, que não economizou nada nos últimos anos para nós e para outras facções da resistência palestina. Eles nos fornecem dinheiro, armas e capacitação”,

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Para não deixar dúvidas, Sinwar esclarece: “Nós apoiamos a erradicação de Israel através da jihad e da luta armada. Essa é nossa doutrina. A ocupação tem que ser erradicada de todas as nossas terras.”

Recapitulando: armado e treinado pelo Irã, o Hamas quer repetir ataques como o de 7 de outubro até a total extinção de Israel. Por suas próprias palavras. Quem defende que Israel baixe armas e cesse fogo não pode deixar de levar essas declarações em consideração se quiser ter um mínimo de honestidade intelectual.

O objetivo de sabotar os acordos diplomáticos de Israel com países muçulmanos mais moderados também foi bem explicitado por Ghazi Hamad em entrevista ao Corriere della Sera.

“Existem países dispostos a fazer acordos de segurança com Israel porque acreditam que assim poderão enfrentar o Irã. O Hamas demonstrou, ao contrário, que Israel pode ser vencido”.

“Estamos pagando um grande preço em sangue, mas foi necessário”.

Num mundo em que a Bolívia rompe relações com Israel e os presidentes esquerdistas do Chile e da Colômbia chamam seus embaixadores de volta, num sinal de censura, é importante ver que até os mais desimportantes dos atores têm algo a dizer – e que deliberadamente ignoram o que uma das partes proclama. Sem media training.

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