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O bombadinho do Vaticano e outras presepadas do momento

A censura do Facebook a uma cena de presépio é um dos atos de humor involuntário dos tempos atuais e seus exageros apaixonados

Por Vilma Gryzinski 17 dez 2017, 13h22

As obras de misericórdia física, ou de ajuda ao próximo em suas necessidades corporais, são conhecidas pelos bons católicos: dar de comer a quem tem fome, abrigar os necessitados, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, enterrar os mortos.

Vai explicar para o Facebook – obviamente, não comandado por  um humano em seus mecanismo de bloqueio – que exaltar tais virtudes foi a intenção do papa Francisco no presépio deste ano do Vaticano.

Feita do estilo popular e realista dos presépios napolitanos, a cena de vestir os nus caiu na censura do Facebook a imagens “sexualmente sugestivas ou provocativas”.

Em defesa do Face, é preciso reconhecer que o abdômen do despido, cercado pelos reis magos, tem mais gomos do que o de muitas feras da academia. E, vista com outros olhos,  a cena toda tem algo de homoerotismo.

Por que substituir o presépio tradicional, com o Menino Jesus na manjedoura, é uma das muitas perguntas – ou , como diriam os latinistas, dubia – que o papa Bergoglio provavelmente nunca responderá.

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Mas a censura ao presépio já tem seu lugar na longa lista de escorregões, confusões entre desejos e realidade, exageros politicamente motivados e humor involuntário, quando não pura maluquice, dos últimos dias.

Alguns assuntos do momento são realmente difíceis de deslindar. O bitcoin vai salvar nossas finanças ou nos empurrar para uma catástrofe maior do que a da bolha das tulipas?

O fim da neutralidade da net vai energizar o ambiente ou levar a ma catástrofe da liberdade digital?

Os pesquisadores americanos não poderão mais estudar os efeitos da zika em fetos afetados pela doença ou talvez haja algum exagero nas notícias sobre nomenclatura orçamentária?

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E, acima de tudo, Donald Trump está a um passo do impeachment ou vai provar que foi vítima de um complô do FBI?

À exceção da criptomoeda, um enigma até para inteligências artificialmente turbinadas, as outras perguntas exigem uma certa contextualização.

A internet existia, funcionava e prosperava muito bem até 2015, quando a  Comissão Federal de Comunicações aprovou a lei que ficou conhecida como neutralidade da net, regulamentando os provedores do serviço por assinatura.

O que vai acontecer se estes provedores começarem a diminuir a velocidade ou dificultar o acesso a conteúdos? Dificilmente terão consumidores satisfeitos.

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Atenção: isso tudo é nos Estados Unidos. Ninguém está interferindo no maravilhoso, espetacular, eficientíssimo serviço oferecido aos consumidores brasileiros.

O assunto, evidentemente, atiça paixões, algumas do lado escuro da força. O presidente da FCC, a sigla em inglês da comissão de comunicações, é Ajit Pai, americano de origem indiana. Até os nomes dos filhos deles foram espalhados, entre outros abusos, muitos de cunho racial.

Fora a parte dos filhos, Pai levou a coisa na brincadeira e fez um vídeo de paródia sobre tudo o que as pessoas poderão continuar a fazer depois do fim da neutralidade.

Ou seja, exatamente tudo o que faziam antes.  O vídeo foi tirado do ar durante algumas horas porque usava um trecho de Harlem Shake, um clássico das imitações.

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Sobre Trump e as investigações de Robert Mueller, envolvendo altos agentes do FBI: a névoa da batalha ainda não permite garantir para que lado a coisa vai.

Mueller pode ter tido acesso a informações que comprometem irreversivelmente o presidente, seja em contatos espúrios com agentes russos para detonar a adversária Hillary Clinton, seja em manobras para acobertar atos suspeitos.

Mas o oposto também é possível. O mais habilitado investigador do FBI recrutado por Mueller, Peter Strzoc, pode ter contaminado toda a investigação por seu viés antitrumpista, revelado nas mensagens de texto que trocou com Lisa Page, a advogada e colega com quem estava tendo um caso.

E mais: Strzoc amenizou a linguagem do relatório final sobre os emails de Hillary Clinton quando era secretária de Estado, favorecendo-a já como candidata a presidente. Também pode ter feito outras manobras suspeitas ou até ilegais para espionar Trump e equipe.

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Trump não leva nenhum jeito de herói perseguido, mas se houver vilões entre aqueles que os americanos sempre consideram os mocinhos será uma virada de novela.

Para quem acha que o presidente é unanimemente odiado por todo o aparato de segurança, a quem critica com a habitual e bizarra barragem de tuítes, um pouco de choque de realidade ajuda. Trump foi aplaudido de pé, aos gritos entusiasmados, na cerimônia de formandos do FBI.

Ah, sim, e as pesquisas do Centro de Controle de Doenças? Alguém imagina que sejam interrompidas?

A mudança mais importante, ou absurda, é mudar a expressões “embasado em evidências” ou “embasamento científico” para “o CDC baseia suas recomendações na ciência, levando em consideração padrões e anseios da comunidade”.

Não faz nenhum sentido e a revista Scientific American deu como exemplo a homeopatia, baseada “na falsa afirmação do benefício de substâncias superdiluídas e no princípio de semelhante se cura com semelhante”.

Centenas de estudos já desmontaram os argumentos a favor da homeopatia, mas  tem gente “continua a acreditar em curas mágicas”, sibila a revista.

Sem querer, a Scientific American colocou os alternativos seguidores dos princípios estabelecidos por Samuel Hahnemann no século 19 no mesmo barco que os trumpistas. Só que o peladão do presépio para completar os tempos surreais que vivemos.

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