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Idade conta? As vantagens de primeiro-ministro jovem como Gabriel Attal

Com 34 anos e imagem de durão, o novo chefe de governo da França tem a missão de enfrentar a direita lepenista - ou ser queimado, se não der certo

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 10 jan 2024, 06h22 - Publicado em 10 jan 2024, 06h22

Jovem, bonito e inevitavelmente acompanhado da expressão “primeiro gay assumido” a se tornar primeiro-ministro da França, Gabriel Attal foi convocado por Emmanuel Macron para uma pauleira: se funcionar, num governo com inúmeros problemas, os méritos irão para o presidente; na hipótese oposta, pode ser rifado sem grandes traumas.

Os 34 anos de Attal contam: mesmo que ninguém fale nisso diretamente, ele também tem a missão de se contrapor a Jordan Bardella, o líder do Rali Nacional, o partido de Marine Le Pen. A escolha de Bardella, atualmente com 28 anos, para liderar o partido foi considerada um risco e hoje colhe elogios.

Bardella fala com o eleitorado mais jovem de uma maneira impossível para alguém com a bagagem do sobrenome Le Pen. E está dando certo. O Rali Nacional está confortavelmente em primeiro lugar nas pesquisas para as eleições europeias de junho, com 31% das preferências, mais de dez pontos à frente da coalizão que apoia Macron.

ESCOLAS LAICAS

Dois jovens se confrontando num país europeu importante como a França são uma novidade. O mais curioso é que, ideologicamente, as diferenças vão diminuindo. Attal começou no Partido Socialista, mas hoje chefia um governo que arrancou a aprovação a uma lei imigratória apoiada pela direita.

Como ministro da Educação, ele promoveu a proibição do uso de abaya nas escolas, a túnica larga usada sobre as roupas por muçulmanas devotas para esconder as formas femininas. É altamente discutível que o governo interfira no modo de vestir de meninas e mulheres, mas a maioria da população francesa apoia as proibições nas escolas, inclusive do véu na cabeça.

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O pretexto é de que as escolas são laicas, como o Estado, mas na verdade o que incomoda é ver como tantos descendentes de imigrantes de países muçulmanos rejeitam a integração e o modo de vida da França. Em casos extremos e gravíssimos, já houve bárbaros assassinatos de professores acusados de ferir suscetibilidades de alunos muçulmanos.

Attal, que é judeu por parte de pai, fez defesas apaixonadas do secularismo como ministro da Educação, a pasta com maior orçamento no país.

PRIMEIRO LUGAR

A pouca idade tem uma importância simbólica, mas não garante nada. Sanna Marin se tornou primeira-ministra da Finlândia com 34 anos. Perdeu o cargo e a classe na eleição seguinte, agindo hoje como uma espécie de influenciadora, com poses provocantes e promoção de produtos.

Mas o excesso de anos também pesa principalmente no caso de uma disputa senil como a dos Estados Unidos, com um presidente de 81 anos encaminhado para a campanha pela reeleição e um adversário de 77. Nada menos que 77% dos americanos acham que a idade é um problema para Joe Biden.

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Potencialmente, como primeiro-ministro Gabriel Attal pode entrar na fila dos aspirantes a suceder Macron em 2027. O cargo de primeiro-ministro tende a queimar seus ocupantes e a discretíssima Élisabeth Borne o deixa com 70% de impopularidade. O habitualmente mais bem cotado é Édouard Philippe, o primeiro a chefiar o governo na era Macron. Ele continua a ter uma boa imagem (39%), mas foi desbancado do primeiro lugar por Attal (40%).

Attal vive em união civil com Stéphane Séjourné, deputado no Parlamento Europeu pelo partido macronista. Um é quase clone do outro. Na adolescência, sofreu bullying por ser gay e dá para imaginar as manifestações de antissemitismo – embora ele siga a religião greco-ortodoxa, como a mãe. “Tanta gente sofre discriminação sem ter a proteção e o apoio que eu tenho”, já disse Attal. É uma experiência interessante para levar ao governo. Hoje ele anuncia o ministério.

“É uma das melhores cartas do presidente”, comentou Jean-Pierre Raffarin, primeiro-ministro do governo Chirac. Seria uma pena queimar essa carta.

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