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Por Vilma Gryzinski
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É certo imprensa ocultar que pessoa trans matou seis em escola americana?

Assassinato coletivo foi cometido por Audrey Hale, mulher de 28 anos que se identificava como “ele”, mas fato é disfarçado para não parecer inflamatório

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 mar 2023, 12h49 - Publicado em 29 mar 2023, 06h53

O horrível assassinato de uma professora de ciências de 71 anos, esfaqueada por um aluno de 13 em São Paulo, trouxe para mais perto de nós um tipo de crime que é tragicamente repetido em escolas americanas: estudante ou ex-estudante, com óbvias perturbações mentais, mata crianças ou adolescentes para se vingar de bullying, ganhar fama numa ala especialmente maligna das redes sociais ou outro “motivo” absurdo.

A tragédia de segunda-feira em Nashville, cidade tão mais conhecida pela música country, foi um clássico: uma pessoa com calça camuflada e colete preto, bem armada, chegou atirando para arrebentar a porta de vidro de uma escola presbiteriana e conseguiu matar três crianças de nove anos, inclusive a filhinha do pastor, mais uma professora, a diretora e um segurança. Foi morta pela polícia e identificada como Audrey Elizabeth Hale.

Como são homens jovens ou adolescentes os insanos e habituais  praticantes de barbaridades assim, o fato de ser uma mulher já torna o caso mais incomum. E o fato de que ela se apresentava como “ele”, aparecendo com roupas masculinas, mas corte de cabelo feminino, em algumas fotos, também chama muita atenção. O New York Post fez uma manchete explosiva, como de hábito: “Assassino trans mira escola cristã”. É um exagero: nada indica, por enquanto, que o elemento religioso pesou na decisão. Audrey estudou na escola quando era bem pequena e saiu de lá depois da terceira série.

Mas o oposto também impressiona. O fato de que Audrey tinha características de pessoa transgênero, um elemento confirmado pela polícia local e obviamente importante no perfil psicológico a ser traçado nas investigações sobre os mecanismos do crime, só aparece no nono parágrafo de uma reportagem da agência AP.

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Na reportagem do New York Times, intitulada “O que sabemos sobre o tiroteio em Nashville”, também é preciso paciência para encontrar a informação relevante. A polícia se referiu a Audrey como “ela”, anotou o repórter, mas “segundo uma postagem em rede social e um perfil no LinkedIn, a pessoa que atirou se identificava como homem nos últimos meses”. Mais um pouco e a polícia seria acusada de homofobia por uso do pronome errado.

Na edição americana do Guardian, a informação aparece no vigésimo-quinto parágrafo.

Para piorar, alguns jornalistas tentaram estabelecer uma ligação entre o massacre na escola e a aprovação de uma lei estadual que proíbe shows de drag queens para crianças e intervenções médicas de mudança de gênero em menores.

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O que esses meios têm em comum é óbvio: alinham-se no chamado lado progressista e tomam o maior cuidado, nesse caso excessivo e até prejudicial para a boa informação, para não parecer que estão estabelecendo um elo entre a confusão de gênero e um crime terrível como a morte de criancinhas e professoras.

A “questão trans” hoje é um dos temas que mais provoca divisões nos Estados Unidos e também no Reino Unido. Como no Tennessee, estados governados por republicanos têm aprovado legislação que proíbe os tratamentos médicos para reconfigurar o gênero de menores de idade — uma proibição que o presidente Joe Biden, numa manifestação bizarra, chamou de “praticamente um pecado”. 

Dar hormônios a menores de idade e fazer cirurgias drásticas como tirar testículos, seios e ovários, além de criar vaginas artificiais ou pênis feitos de musculatura e pele enxertadas, são procedimentos extremos que devem ser entendidos como tal e, pela relativa novidade, discutidos pelas diferentes forças sociais.

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O que ajuda mais os jovens e até crianças que chegando aos consultórios médicos pedindo mudança de gênero, atender o que querem de imediato ou fazer um acompanhamento psicológico que permita um bom grau de certeza de que este é o tratamento certo? 

O artigo de maior repercussão sobre o tema no momento foi escrito  no Telegraph por Jordan Peterson, o psicólogo canadense que se tornou celebridade pelas provocações que faz ao pensamento predominante entre as elites liberais.

Peterson é um provocador profissional e defende que as cirurgias de redesignação de gênero “são hipoteticamente feitas em nome da libertação. No entanto, 80% das crianças com disforia de gênero tornam-se gays quando mais velhas, segundo as melhores estatísticas vigentes antes que a epidemia de disforia de gênero se manifestasse. Isso significa que 80% dos meninos que são castrados e recebem uma vagina falsa são gays”.

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O artigo é forte e, em alguns trechos, não demonstra a menor compaixão pela mães que querem ajudar filhos afligidos pela disforia. Peterson chega a compará-las a portadoras da “síndrome de Munchausen por procuração”, mulheres que criam doenças imaginárias para os filhos, sentindo uma recompensa psicologicamente doentia por ganharem a atenção de médicos e outros profissionais de saúde e se passarem por mártires em nome de seus filhos. “É uma coisa desejada por narcisistas extremos”, diz Peterson.

Ele também dá detalhes da cirurgia extensa que inverte o pênis para criar algo semelhante a uma vagina.

“Isso é o que uma ‘mulher’ se transformou. Ser do sexo feminino virou ‘qualquer humano com um buraco, produzido seja como for, que um homem pode usar como substituto ou reposição para a masturbação ou a relação diádica’. Esta definição é o ápice do sexismo. Mais reducionista do que tudo o que foi imposto às mulheres pelos mais opressivos dos tiranos patriarcais e misóginos”.

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As palavras duras mostram como o confronto entre conceitos antagônicos sobre a dismorfia de gênero está atingindo estágios explosivos. É isso que ajuda a entender a escamoteação dos dados sobre a pessoa – seja mulher, seja homem trans ou alguma outra coisa — que causou tanto sofrimento em Nashville.

Cenas filmadas pelas câmeras acopladas aos policiais mostram como eles vão revistando sala por sala da Covenant School, no térreo e depois no primeiro andar até ouvirem tiros. Ao contrário da criminosa demora dos agentes que atenderam o caso do tiroteio na cidade texana de Uvalde, no ano passado, os dois policiais de Nashville vão imediatamente de encontro ao perigo. Ouvem tiros — Audrey disparava pela janela em viaturas da polícia — e, em 25 segundos, ela está no chão.

Como todos os malditos que praticam esse crime contra os mais desprotegidos dos inocentes, ela/ele tentou glorificar a própria morte. “Estou planejando morrer hoje. Você provavelmente vai ouvir sobre mim no noticiário”, disse pelo Instagram à amiga Averianna Patton, uma linda jogadora de basquete negra. “Queria te contar primeiro porque você é a pessoa mais bela que eu já vi ou conheci em toda a minha vida”.

“Um dia, isso será compreendido. Deixei provas mais do que suficientes“.

Claro que “isso” nunca será compreendido. Não existe compreensão para quem mata inocentes. Seja de que gênero for.

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