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Dois cremes afanados, um diploma falso: adeus, governadora

Cristina Cifuentes aguentou o quanto deu no posto equivalente a chefe de governo da região de Madri; quando apareceu o vídeo de furto, teve que renunciar

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 20h29 - Publicado em 25 abr 2018, 13h07
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  • Uma mulher loira, bem vestida, de salto alto e bolsa elegante, passa por um constrangimento de feitura própria.

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    Pega furtando dois potes de creme antirrugas num supermercado, é levada por um segurança para a “salinha”. Recusa-se a reconhecer o flagrante até que um policial é chamado.

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    Acaba vasculhando a bolsa em busca de notas e moedinhas. O vídeo de 2011, divulgado agora, acabou com a carreira política de Cristina Cifuentes. Teve que renunciar ao cargo de presidente da Comunidade de Madri, equivalente a um governo estadual no Brasil.

    Foi um castigo merecido. Que político, num país decente, pode resistir a um “engano”, como ela tentou disfarçar, no valor de “pouco mais de 40 euros”? Ao mais vergonhoso dos vídeos íntimos?

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    Como no caso do furto, ela vinha se recusando a reconhecer as evidências de outra trambicagem: um mestrado fake em Direito Público.

    Cristina Cifuentes é de direita, do partido do austero primeiro-ministro Mariano Rajoy. Ganhou a antipatia redobrada da esquerda quando comandou a segurança de Madri durante o período de grandes manifestações de protesto na época em que, na prática, a Espanha faliu.

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    Com a mão dura de Rajoy e sacrifícios de todo o país, a Espanha se recuperou. Como os Borbons, a casa real da monarquia parlamentarista, a esquerda não esquece e não perdoa nada.

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    Ninguém deveria saber melhor disso do que Cristina Cifuentes, boa de briga e de fazer listas de inimigos.

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    Uma das virtudes da democracia, este sistema tão imperfeito, é justamente a ideia de que um partido vigia o outro – em vez de ambos se associarem para a formação de quadrilha contra o dinheiro do povo.

    Incorrer na mesa estranha obsessão de políticos por diplomas falsos e teses plagiadas demonstra o gosto pelo risco da governadora caída.

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    Em 2012, o presidente da Hungria, Pal Schmitt, foi obrigado a renunciar ao cargo, mais cerimonial do que importante, por plágio em tese de doutorado sobre Olimpíadas na era moderna. Nada menos que 180 páginas haviam sido copiadas de um autor búlgaro.

    O mesmo desvio de caráter havia levado à queda, um ano anos, de Karl-Theodor Friherr von und zu Guttenberg como ministro da Defesa da Alemanha. A tese de doutorado plagiada era sobre direito constitucional. Como indica o sobrenome cheio de preposições, ele é de uma família nobre.

    Gente com menos pedigree já teve currículo com inexistentes mestrado e doutorado em economia. Corrigiu-se com uma declaração antológica, entre tantas. Antologia tal como concebida por Stanislaw Ponte Preta.

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    “Lá, tem um equívoco, sim: a parte relativa ao mestrado está errada. A relativa ao doutorado não está errada no que se refere a ser doutoranda. Mas está errada no que se refere ao curso que eles me botaram.”

    Lembraram-se?

    Cristina Cifuentes ainda tentou se segurar, renunciando ao mestrado que nunca fez. Pediu desculpas por “aceitar as facilidades” oferecidas pela Universidade Rei Juan Carlos, numa prova adicional de cinismo autodestrutivo.

    Já estava com o filme queimado quando apareceu o vídeo do furto. Não renunciou de moto próprio, como ficou evidente com a declaração seca de Rajoy: “Podia ter nos poupado disso”.

    Pelo menos, não disse que foi golpe.

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