Assine VEJA por R$2,00/semana
Mundialista Por Vilma Gryzinski Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Corra, Maduro, corra: este é o conselho de mentor de Chávez

Sociólogo alemão que inventou o “socialismo do século 21” faz uma análise demolidora do que está acontecendo na Venezuela

Por Vilma Gryzinski 30 jan 2019, 19h10
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Existem correntes de esquerda que não conseguem praticar o desapego em relação a Nicolás Maduro, considerando-o o legítimo herdeiro de Hugo Chávez, mesmo com o país em escombros e o tique-taque cada vez mais alto.

    Publicidade

    O sociólogo alemão Heinz Dieterich não se permite ilusões perdidas. Teórico de esquerda, o inventor do conceito de “socialismo do século 21”, incorporado por Hugo Chávez, ele analisa com teutônica frieza a situação na Venezuela, antes e depois do madurismo.

    Publicidade

    Em artigos no site bolivariano de raiz Aporrea e numa entrevista à BBC Mundo, o sociólogo radicado no México faz muitas contribuições para o debate, caso ainda haja dúvidas sobre o futuro de Nicolás Maduro, que não tem comida para o povo faminto e, agora, com o bloqueio americano aos ingressos da venda de petróleo, não tem dinheiro real.

    Vale a pena ouvir algumas delas, mesmo com os habituais vícios esquerdistas:

    Publicidade

    Ficou “completamente claro que Maduro não tem salvação porque Europa, Estados Unidos, Japão e os países importantes sul-americanos se uniram à agressão”.

    Continua após a publicidade

    É claro que Dieterich atribui tudo a um plano perverso de Donald Trump para conseguir uma “vitória barata” na política externa, num momento de muitas derrotas na política interna.

    Publicidade

    Quem sabe o conspiracionismo de esquerda, sempre focado em grandes complôs mundiais dos capitalistas perversos, desta vez não tem razão?

    E os generais que reiteraram o apoio a Maduro desde o desafio sem precedentes de Juan Guaidó, ao se declarar presidente interino como chefe do Legislativo, diante da ilegitimidade da reeleição do grandalhão?

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    “Os generais venezuelanos sabem que têm que sacrificar” o presidente trapalhão, diz Dieterich. A anistia oferecida por Guaidó – e atribuída pelo sociólogo, talvez com algum motivo, a uma orientação direta do governo americana – foi uma manobra inteligente.

    “Eles vão afastá-lo e dirão que, pela paz e pela refundação do país, precisa ir para o exílio. Se se recusar, será advertido que não podem garantir sua segurança. Então, ele vai tomar um avião e provavelmente ir para Cuba.”

    Publicidade

    Lendo as folhas de chá, ou de coca, sabe-se lá, Dieterich acredita que o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, “aceitou a oferta imperial de sacrificar Maduro em troca da impunidade para eles”.

    Como assim? Quando disse que as Forças Armadas respeitam “o estado de direito, a democracia e os direitos humanos” e que continuarão “trabalhando em defesa da soberania nacional”, Padrino, na interpretação de de Dieterich, “mandou duas mensagens adicionais à Casa Branca: não vamos matar por Maduro e não tentem invadir o país porque iríamos à guerra”.

    Continua após a publicidade

    Mas espere: Maduro não fez a rota dos quartéis e até passeou de tanque, com a “primeira-combatente”, Cília Flores, e o próprio Vladimir Padrino?

    Dieterich não viu graça nenhuma. “Enquanto Maduro, em sua mente infantil-positivista, brinca de guerra na torreta de um tanque”, advertiu ele, Diosdado Cabello “está negociando a fase pós-Maduro com os fantoches de Washington e os militares”.

    O alemão não gosta de Cabello, considerando-o, incrivelmente, “um intrigante anticomunista de direita”.

    Haja intriga nisso. Como nem um realista deixa de ter seus momentos de ilusão, Dieterich defende a substituição dos atuais comandantes por “uma direção militar coletiva, formada pelos generais da resistência democrática e bolivariana”.

    Continua após a publicidade

    E, para as inevitáveis eleições do pós-madurismo, propõe o nome de Rafael Ramírez. Ministro do Petróleo e presidente da PDVSA durante a maior parte do período chavista, ele rompeu com Maduro e se exilou na Espanha.

    Tem uns probleminhas de corrupção aqui e ali. Mas o sociólogo acha que “seria o único candidato de união progressista e patriótica disponível, e com a experiência nacional e internacional necessária”.

    Talvez, quem sabe, até o próprio Dieterich, voltasse a ter alguma influência na Venezuela?

    Atenção, Chávez rompeu com ele em 2005, depois de não ser considerado suficientemente socialista por ter escolhido a mesma estratégia da Alemanha do pós-guerra, a economia social de mercado.

    Continua após a publicidade

    Pois é, Dieterich compara o caudilho que lançou as bases nefastas que viriam a jogar a Venezuela na atual devastação aos austeros responsáveis pelo milagre alemão.

    Como o alemão sai da Alemanha, mas a Alemanha não sai do alemão, Dieterich vai mais longe ainda e compara a “camarilha” formada por Maduro, Cabelo e o general Padrino “a Hitler na Batalha de Berlim, depois do início da ofensiva final soviética”.

    Fora o absurdo da comparação, não deixa de ter sua graça a crítica do sociólogo aos “grandes movimentos salvadores com exércitos fantasmas, investimentos fantasmas e moedas fantasmas” – uma definição precisa das absurdas estratégias de Maduro.

    Ideias algo delirantes são previsíveis em quem tem muita coisa na cabeça e nenhum poder nas mãos.

    Heinz Dieterich pode ter sido contaminado pelo vírus do delírio latino-americano e está, como toda a esquerda, arrasado com os “sátrapas Macri, Duque e Bolsonaro”.

    Mas está também muitos milhares de quilômetros adiante dos que defendem Nicolás Maduro como se fosse a última bolacha no pacote da esquerda latino-americana.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.