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Como a esquerda americana transformou a “Palestina” na causa total

Insanidade corre solta nas universidades: até a suástica está sendo “ressignificada" como um instrumento para “condenar o genocídio”

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 26 abr 2024, 07h54 - Publicado em 26 abr 2024, 07h49

As universidades americanas estão pegando fogo com os protestos contra Israel e a favor do Hamas. Muitas pessoas ainda têm um ponto fraco quando veem jovens sendo detidos pela polícia. Acham que são idealistas e que as novas gerações têm a missão de abraçar as causas vanguardistas.

Estão, infelizmente, completamente erradas. Ter pouca idade não é sinônimo de ter razão e as atrocidades proferidas em nome da “libertação da Palestina” demonstram que uma espécie de insanidade coletiva se apossou dos manifestantes que pregam “queimar Tel Aviv” até o toco e atacam estudantes judeus como sionistas a serem expulsos do espaço de pureza jacobina em que imaginam ter transformado cada campus.

Um exemplo recente. No começo do mês, Jake Tapper, apresentador da CNN, tuitou uma foto da sinagoga da Filadélfia onde fez o bar mitzvah, o ritual de passagem dos jovens judeus, com uma suástica pichada sobre uma faixa de apoio a Israel.

As reações foram inacreditáveis. Malcolm Harris, escritor que é considerado uma espécie de porta-voz da geração Z, respondeu que o “genocídio” praticado por Israel “inverteu o significado de uma suástica numa sinagoga”. De ameaça nazista, o abominável símbolo se transformou em “condenação do genocídio”.

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Ou seja, até a suástica foi “ressignificada”, uma palavra comum no vocabulário da esquerda americana, fielmente copiada no resto do mundo.

No comentário acerbo de Ryan Zickgraf, nesse universo paralelo da nova esquerda, “o Hamas é bom e as suásticas são woke”.

NOVA COSMOLOGIA

Segundo o colunista escreveu no Telegraph, todas as bandeiras da esquerda – sexismo, homofobia, supremacia branca, patriarcado e outros clichês, reunidos sob o manto da “interseccionalidade” – já foram abraçadas pelos meios de comunicação, o mundo corporativo e políticos em geral. Perderam o gosto da provocação. Estão superadas.

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A causa agora é a “Palestina”, entre aspas porque significa outra coisa para seus defensores, envoltos em lenços do tipo keffiyeh comprados na Amazon e embrulhados no rosto, como fazem os terroristas de verdade.

“Nessa nova e nebulosa cosmologia, palestinos – e mesmo o Hamas – não estão apenas engajados numa luta geopolítica específica em torno de territórios e recursos. Não, eles são vistos como a ponta de lança de uma libertação coletiva contra o Ocidente, o Norte Global, ‘colonizadores’ ou seja lá como se chame os Caras Ruins.”

Zickgraf menciona alguns exemplos, como o tuíte viral de uma representante dessa corrente, Scarlett Rabe: “Palestina é todas as causas numa só causa. É justiça reprodutiva. É justiça social. É crise climática”.

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Outro exemplo, dos “gordinhos pela Palestina”: “A libertação dos gordos anda de mãos dadas com a libertação da Palestina”.

Já deu para perceber o espírito da coisa.

Poderíamos dar risada e dizer que o ridículo tomou conta dos “acampamentos” onde universitários americanos louvam o Hamas. Mas a glorificação do terrorismo, a demonização de Israel e a naturalização – outro clichê da moda – do antissionismo são assuntos sérios demais e envolvem princípios que concernem a todos nós, não apenas os jovens universitários mais privilegiados do mundo convencidos de que são combatentes da liberdade. Nem apenas, obviamente, o afetados mais diretos, como os estudantes judeus acossados pelos colegas que gritam “sionista” quando os localizam e até fazem uma roda em torno deles, impedindo suas movimentação.

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“FALSO ÍDOLO”

Curiosamente, só a direita mais tradicional mantém o apoio a Israel e a rejeição unânime e visceral ao antissionismo. Mike Johnson, presidente da Câmara dos Deputados que é alvo de uma campanha de descrédito movida pela direita trumpista, teve a coragem de ir a Columbia, sabendo que seria vaiado e ridicularizado. Debaixo de apupos, ele defendeu a demissão da reitora, Minouche Shafik, por ter permitido o descontrole total no campus e a propagação de mensagens pedindo morte e destruição.

Muitos partidários da direita nacionalista dizem que judeus americanos provocaram a situação alucinada que se vê hoje por serem históricos defensores de causas de esquerda.

Bastaria olhar para o artigo que a canadense Naomi Wolff escreveu no Guardian para sentir a tentação de lhes dar razão. Disse a catedrática esquerdista que o sionismo é “um falso ídolo” que instrumentaliza a história dos judeus, transformando-a em “armas brutalistas do roubo de terras, roteiros para a limpeza étnica e o genocídio”.

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“O sionismo nos trouxe ao nosso presente momento de cataclisma e está na hora de dizer claramente: sempre nos conduziu para ele”.

Na verdade, é o esquerdismo doentio do tipo defendido por Naomi Wolff que nos conduziu a uma situação em que a suástica é vista como um símbolo positivo.

As consequências vão muito além do conflito atual e da onda de protestos nas universidades.

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