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Civis israelenses se armam; relatos de violência sexual se acumulam

O trauma nacional com o ataque do Hamas, em meio a novas revelações sobre estupros, leva pessoas comuns a tentar se proteger

Por Vilma Gryzinski 7 dez 2023, 07h48

Há um ano, havia pendentes 42 pedidos de licença de porte de arma em Israel. Hoje são mais de 150 mil. É um dado estarrecedor sobre o estado de choque – e profunda insegurança – que os ataques de 7 de outubro provocaram.

Mostram também a mudança de política: o governo está incentivando os civis a se armarem. O ministro do Interior, Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, propôs distribuir armas à população civil. Ele disse que agora são dadas três mil autorizações de porte, pedidas pela internet, por dia.

Ao contrário de que muitos supõem, a imagem de rapazes e garotas andando com suas Uzi a tiracolo – como na rara foto acima, da jovem passeando em Jerusalém – quando estavam de folga do serviço militar era coisa do passado. Para prevenir suicídios, as Forças de Defesa proibiram que os soldados levassem os fuzis para casa. O número de suicídios caiu 57%.

Também foram apertados os controles de porte de armas: ter acima de 21 anos para quem fez serviço militar e de 27 para os outros, passar por avaliação psicológica, comprovar que mora em área de risco – como as comunidades judaicas implantadas em território palestino – eram algumas das limitações.

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Os atentados, geralmente a facadas, feitos isoladamente por palestinos em tempos recentes, levaram ao relaxamento de algumas das restrições. Depois do 7 de outubro, com 1 200 pessoas mortas num único dia, houve um verdadeiro tsunami de mudanças.

“COISAS DIFÍCEIS”

Homens e mulheres estão buscando meios para a autodefesa, sob o impacto de revelações que não param de aumentar mesmo dois meses depois do ataque. Como defensores do Hamas passaram a sustentar que os hediondos abusos sexuais infligidos eram “inventados”, o governo israelense passou a liberar alguns testemunhos que eram mantidos sob sigilo, como forma de proteção às vítimas de estupros, mesmo depois de mortas.

Entre as revelações, a de que pelo menos dez reféns israelenses libertados em troca de prisioneiros palestinos sofreram abusos. As vítimas foram homens e mulheres. Como só um homem adulto, um refém com cidadania russa, foi solto, num gesto de “boa vontade” em relação a Moscou, é de se supor que menores do sexo masculino também foram abusados.

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A revelação foi feita por um médico que atendeu reféns libertados e bate com testemunhos dados durante uma reunião na terça-feira dos membros do governo de emergência e pessoas soltas durante a trégua temporária.

A ex-refém Aviva Siegel disse que mulheres “eram tocadas” pelos guardas do Hamas. Outras também descreveram “as coisas difíceis que estão acontecendo dentro dos túneis”, segundo o diretor de um grupo de representação dos reféns.

Outros testemunhos são espantosamente chocantes. Um deles, socorrista, contou ter encontrada uma mulher amarrada na cama em sua casa “com uma faca na vagina e todos os órgãos internos removidos”.

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As violências foram tão monstruosas que provocaram o suicídio de uma pessoa que testemunhou ataques feitos na área do festival de música eletrônica onde 370 pessoas foram mortas.

CARA DE ANJO

Uma das raras testemunhas que permitiram a divulgação de sua identidade foi Yoni Saadon, de 37 anos. Ele sobreviveu fingindo-se de morto, debaixo de arbustos, depois de passar por seu corpo o sangue de uma jovem assassinada a seu lado, segundo relatou ao Times de Londres.

“Nunca esquecerei seu rosto. Todas as noites acordo pensando nela e pedindo perdão”.

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Outras cenas testemunhadas por Saadon são mais hediondas ainda. Ele viu uma mulher “com cara de anjo e oito ou dez terroristas batendo nela e a violentando”.

“Quando terminaram, estavam rindo e o último disparou na cabeça dela”.

Saadon também viu uma jovem “acuada perto de um carro que resistia e não deixava que arrancassem sua roupa”.

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“Ela foi jogada no chão e um dos terroristas pegou uma pá e a decapitou. A cabeça dela rolou pelo chão. Eu também vejo essa cabeça”.

CULTO AO HORROR

Os estupros hediondos e outras monstruosidades provocam tamanha reação de repúdio que o Hamas na terça-feira divulgou um desmentido das acusações, atribuindo-as a “campanhas sionistas para promover mentiras infundadas e alegações para demonizar a resistência palestina”.

Desde que surgiu, em 1987, o Hamas se dedicou ao terrorismo “clássico”: atentados a bomba e a bala contra israelenses, entre chuvas de foguetes geralmente interceptados pelo sistema Cúpula de Ferro e combates assimétricos quando Israel entrava em Gaza.

O que provocou a violência em nível de barbárie praticamente sem precedentes no mundo contemporâneo?

Os antecedentes estabelecidos pelo Estado Islâmico, com uma espécie de glamourização da violência certamente contaram. Os vídeos transmitidos ao vivo por elementos do Hamas através de câmeras Go Pro mostram como esse culto ao horror se disseminou e suplantou os pioneiros do Isis.

Mas o mais importante é que o 7 de outubro foi a primeira vez que o Hamas se viu, durante quase um dia inteiro, no controle de comunidades agrícolas e instalações militares. Matar, mutilar, decepar seios e atirar nos genitais de homens e mulheres viraram uma espécie de orgia de violência, celebrada com risadas e euforia. Como não lembrar do terrorista que ligou para os pais e proclamou: “Papai, seu filho é um herói. Matei dez judeus com minhas próprias mãos”?

E como não entender que tantos israelenses estejam correndo para se armar, tendo visto o que aconteceu quando foram pegos desprevenidos e o Estado não cumpriu seu dever mais essencial, o de manter os cidadãos vivos?

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