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Candidato da direita civilizada derrota bolivarianismo; no Equador

Como tudo o que acontece na América Latina é visto à luz da eleição presidencial no Brasil, o caso equatoriano oferece exemplos interessantes

Por Vilma Gryzinski 13 abr 2021, 08h13
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  • Não existe um Guillermo Lasso, o banqueiro que foi eleito presidente do Equador, no Brasil.

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    Pelo menos um prontinho, já tendo concorrido a duas eleições presidenciais, o que o tornou um nome conhecido.

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    Mas a sua vitória contundente diante do candidato da esquerda bolivariana, que já tinha marcadas as festas da vitória, encerra algumas lições para quem quer aprender com a experiência dos outros.

    Lasso é tão de direita que pertence à Opus Dei, a organização católica pintada, com exagero, como um bicho papão, mas que certamente tira notas máximas em conservadorismo.

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    Realizou-se profissionalmente no mundo das finanças, o que não costuma ser muito positivo para quem disputa eleições num país pobre como o Equador – ou até em países mais ricos, onde banqueiros não são vistos exatamente como um modelo de popularidade.

    Não deixou, em nenhum minuto, de bater em Rafael Correa, o ex-presidente que, tendo sido condenado por corrupção, não sai do conforto protetor da Bélgica, país natal de sua mulher, e colocou seu próprio poste, o economista Andrés Arauz, para representá-lo.

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    Arauz foi, de longe, o mais votado no primeiro turno, com quase 33%. Lasso passou raspando, com pouco mais de 19% dos votos.

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    Pela lógica, Arauz seria mais um sinal de ressurreição do eixo bolivariano, com Alberto Fernández na Argentina e Luis Arce na Bolívia, depois de experiências muito diferentes, mas igualmente fracassadas, de governos mais à direita.

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    Mas Lasso entrou na briga disposto a se arriscar. Ou até passar por ridículo, como no vídeo em que aparece de tênis vermelhos e muleta (lesionou um tendão numa romaria), participando do desafio do Tik Tok ao som de Bad, de Michael Jackson. Bombou.

    “Ele mudou completamente de estratégia”, disse ao Financial Times a analista política Johanna Adrango. “Em vez de atacar Correa e Arauz, tentou passar uma imagem de inclusão e fez gestos em direção de setores da sociedade que normalmente não votariam nele”.

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    Lasso foi um candidato civilizado, defendendo bandeiras que normalmente são de esquerda, como promover um país “onde toda mulher se sinta protegida, respeitada, cuidada, e onde membros da comunidade LGBTI sintam proteção e respeito para que nunca mais sejam estigmatizados, discriminados, e tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento profissional e acadêmico que qualquer outro equatoriano”.

    Sobre um tema espinhoso como o aborto, disse que tem sua posição, obviamente contra, mas está disposto a ouvir todos os equatorianos.

    Como o toque populista não pode faltar na América Latina, prometeu empréstimos com juros a 1% e aumento progressivo do salário mínimo até chegar a 500 dólares – o Equador é dolarizado desde o ano 2000 e nem um esquerdista como Correa se arriscou a mexer nesse arranjo único, produto de uma época de hiperinflação descontrolada.

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    Sobre a pandemia, que tem sido pesada no Equador, usou o método Joe Biden, prometendo vacinar nove dos 17  milhões de equatorianos em cem dias. Vai visitar pessoalmente as farmacêuticas produtoras de vacina para negociar a compra dos lotes.

    Ganhar eleição é uma coisa, governar é outra. Tal como está o quadro agora, será literalmente impossível para o presidente eleito fazer qualquer coisa que envolva o Congresso – ou seja, praticamente tudo. Seu partido tem doze deputados na Assembleia Nacional, contra 50 do correísmo.

    Já que decidiu encarar o rojão, Guillermo Lasso deve ter várias ideias sobre o que fazer numa posição tão precária. 

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    Os eleitores votaram, primordialmente, contra o projeto correísta, que contava se reinstalar no poder com o desgaste de Lenín Moreno, o presidente eleito com o apoio de Correa e, quase imediatamente, rompido com ele.

    O modelo um candidato de esquerda e um de direita no segundo turno de uma eleição presidencial está se repetindo no Peru, com o sindicalista Pedro Castillo e Keiko Fujimori, a herdeira do pai a quem prometeu indultar.

    Com uma diferença importante: os Fujimori nem de longe podem ser acusados de pertencer à direita civilizada.

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