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Baixarias, famílias rachadas, denúncias de fraude? É a eleição americana

Uma candidata explosiva de direita como Keri Lake representa a batalha eleitoral que pode definir o futuro do governo de Joe Biden

Por Vilma Gryzinski 20 out 2022, 06h10

Elas não têm o charme – nem o veneno – das eleições presidenciais, mas a disputa legislativa e por governos estaduais no próximo dia 8 de novembro está tão apertada que só os muitos crentes nos institutos de pesquisa arriscam cravar os resultados finais. Apertada e, em muitos aspectos, enlameadas. O jogo é pesado nos Estados Unidos, até pelos padrões que estamos vendo no Brasil.

A candidata republicana ao governo do Arizona, Keri Lake, personifica estes aspectos. No momento, segundo o FiveThirtyEight (que errou, errou e errou mais um pouco na presidencial de 2016, se isso serve de algum consolo para nós), ela está com 47,1% das preferências. Sua rival democrata, Katie Hobbs, tem 46,4%.

Para justificar sua recusa em participar de um debate com Lake, a candidata democrata disse que disse que gostaria de ter “uma discussão substantiva” sobre propostas, mas a adversária quer “fazer um espetáculo”.

Tradução: Keri Lake é um fenômeno, uma máquina de derrubar argumentos contrários, uma fonte constante de alegrias para a ala trumpista do Partido Republicano. 

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Bonita, com presença forte e a capacidade de articulação produzida por uma vida profissional inteira como apresentadora em canais regionais de televisão, cada embate dela com repórteres que pretendem fazer pegadinhas é celebrado pela mídia conservadora – altamente minoritária – como uma vitória no Super Bowl.

A mais recente foi sobre as acusações de que está trabalhando contra a democracia ao endossar as suspeitas de Donald Trump sobre o resultado das urnas em 2020. “Aqui estão 150 exemplos de negacionistas eleitorais democratas. Eu trouxe os recibos”, espetou, pedindo a um assessor uma lista com as inúmeras instâncias em que políticos democratas contestaram a legitimidade da eleição de Trump. E começou a ler.

Sobre o aborto, que virou um tema central depois da decisão da Suprema Corte delegando a legislação a respeito para os estados, ela disse que é a favor de “ajudar nossas mulheres” e que cada vez que uma entrar numa clínica para interromper a gravidez saiba que “existem opções”. Lacração final: desafiou os repórteres a perguntar qual a posição de sua  adversária, que “apoia o aborto até o momento do nascimento e depois dele; se um bebê sobreviver a um aborto, “ela é a favor que esse bebê morra numa bandeja fria”.

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O aborto também virou tema na disputa para o Senado no estado da Geórgia, onde ambos os candidatos são negros. O republicano é Herschel Walker, ex-jogador de futebol americano, cuja vida foi vasculhada até aparecer uma ex-namorada com comprovantes de um cheque que, segundo ela, foi usado para reembolsar um aborto.

Walker admitiu ter feito o cheque, mas diz não se lembrar para o que era. Quando o caso aflorou, o filho do candidato, Christian Walker, acusou o pai de ser “mentiroso e hipócrita”, de não pagar pensão e de ter ameaçado a família de morte. Logo apareceram imagens de Christian abraçando e elogiando o pai, além de uma com camiseta de apoio a Trump.

É triste ver famílias divididas, expondo publicamente problemas que não vão ficar menores depois da eleição.

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Walker atualmente tem 44% das preferências, contra quase 48% para o adversário democrata, Raphael Warnock, que é pastor batista.

As eleições de novembro já foram definidas como uma disputa entre aborto e inflação – em inglês, as palavras rimam -, com os democratas enfatizando o primeiro tema e os republicanos, o segundo.

As principais preocupações do eleitorado são inflação, criminalidade e imigração irregular – todos temas prejudiciais para os democratas.

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Não existe nos Estados Unidos algo nem parecido com justiça eleitoral, muito menos com interferência de esferas do Judiciário nas campanhas. O dinheiro para candidatos e partidos é quase incomensurável. George Soros, o maior doador, já colocou mais de 160 milhões de dólares em candidaturas democratas.

No âmbito nacional, as eleições legislativas são, obviamente, as mais importantes. Pior hipótese para Joe Biden: perder a maioria que tem na Câmara e não conseguir virar o impasse no Senado. Há pesquisas que prognosticam que o empate de 50 a 50 vai continuar no Senado; outras preveem uma maioria de 52 para os republicanos.

Como o voto não é obrigatório, a disposição a ir votar é um fator que define quase tudo. Segundo uma pesquisa associada ao New York Times, 49% dos que pretendem sair de casa no dia 8 declaram voto em candidatos republicanos. Os democratas têm 45%.

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A pressão dos fatores econômicos é tanta que a candidata democrata ao governo da Geórgia, Stacy Adams, tentou associar aborto a controle de inflação. 

“Ter filhos é o motivo pelo qual as pessoas se preocupam com o preço da gasolina. E é por isso que as pessoas se preocupam com o preço dos alimentos”, disse ela.

Comparar criancinhas pelas quais mães e pais dariam a vida a estresse econômico pode não ser uma boa ideia, mas seria interessante ver um debate entre Stacey Abrams, que tem uma presença midiática muito forte, e a demolidora Kari Lake. Uma negra e uma branca, ambas de origem muito pobre, ambas com convicções apaixonadas e capacidade de esquentar qualquer debate.

Stacey Adams, por sinal, é uma negacionista: não aceita até hoje que perdeu a última eleição ao governo estadual.

Não é só no Brasil que o circo está pegando fogo.

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