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Argentina: Fernández diz a que veio; e não é nada bom

Entre louváveis gestos de conciliação, o novo presidente anunciou uma “reforma integral” da Justiça que havia enquadrado sua chefa e os outros

Por Vilma Gryzinski 10 dez 2019, 18h12
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  • A parte boa foi curta, mas significativa.

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    Alberto Fernández empurrou a cadeira de rodas de Gabriella Michetti a quem coube, ainda como vice-presidente e presidente do Senado, dar posse a ele e a ela.

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    Todo mundo sabe quem são.

    Também repetiu os gestos de convivência civilizada com Mauricio Macri, um gentleman de berço.

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    E até passou o bastão de comando para uma foto divertida com o filho Estanislao Fernández, de terno moderninho, gravata afrouxada e lenço de arco-íris LGBTQ etc etc na lapela.

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    A parte ruim já foi antecipada pela carranca da chefa quando sequer olhou para Macri ao trocar um cumprimento protocolar.

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    E ainda pediu outra caneta para assinar a posse como a vice-presidente mais poderosa da história.

    Não queria sujar as mãos com a mesma usada por Macri, um constrangedor desaforo final.

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    De resto, Cristina Kirchner estava, naturalmente, irradiando alegria.

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    De macacão creme e poncho de renda por cima, levava o melhor acessório que alguém em sua posição pode desejar: vingança.

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    E ela veio a cavalo no discurso de seu pupilo, com o conhecido, mas sempre formidável, cinismo dos que sustentam na cara de pau o exato oposto da realidade.

    A “reforma integral” do sistema federal de justiça que prometeu, e no qual Cristina e asseclas só não estão mais chafurdados por causa da imunidade, tem por objetivo “terminar com a mancha ominosa que um setor minoritário provoca na credibilidade da instituição judicial”.

    As investigações sobre os fantásticos esquemas de corrupção da era cristinista, só ofuscados em dimensão e sofisticação pelos revelados pela Lava Jato, viraram uma campanha pervertida de perseguição política.

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    Todos já ouvimos isso antes. Mas ver um presidente, no dia de sua posse, enunciar a mentira como verdade continua a ser chocante.

    Disse Alberto, como tantos o chamam:

    “Assistimos a uma deterioração judicial nos últimos anos. Vimos perseguições indevidas e detenções arbitrárias, induzidas pelos que governavam e silenciadas por certa complacência mediática, por isso venho manifestar perante esta assembleia e perante todo o povo argentino um ‘nunca mais’.”

    Pronto: começa a ser cumprida a ameaça de Cristina Kirchner a todos os que tiveram a ousadia de acusá-la, desde os juízes dos sete processos por corrupção até o motorista que anotou rigorosamente todos os transportes de sacos, sacolas e malas de dinheiro mandados por empreiteiros favorecidos por contratos amigos, começando na época de Néstor Kirchner.

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    Até o filho do novo presidente, que briga muito nas redes sociais por se considerar uma pessoa privada envolvida em fofocas públicas, já demonstrou o espírito da coisa.

    “Nunca perdoarei o que fizeram com Florencia”, registrou num post anterior à posse do pai.

    Florencia é a filha de Cristina que faz tratamento de saúde em Cuba, para evitar ser extraditada.

    Durante a campanha, Cristina fez várias viagens para ver a filha, que sofre de linfedema nas pernas – uma obstrução dos vasos linfáticos que provoca muito inchaço e, no caso dela, não tem causa conhecida.

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    As relações entre mãe e filha ficaram estremecidas depois que Florencia foi envolvida nos múltiplos inquéritos por corrupção, como sócia da empresa familiar formada depois da morte de Néstor e titular de um cofre cheio de dólares.

    Estanislao, que posta como drag queen e cosplayer, é ativo nas redes sociais, embora momentaneamente controlado.

    Já brigou por causa de uma foto “roubada” em que aparece abraçado a um dançarino. A namorada dele disse que Estanislao, ou Dyhzy, seu nome artístico, “é livre para fazer o que quiser”.

    “Temos uma relação aberta e somos jovens. Não há nada a esconder, pode dançar com quem quiser e fazer o que quiser sem problemas.”

    Tem toda razão. No âmbito do comportamento pessoal consensual, é saudável e civilizado que cada qual viva a vida como queira.

    O problema, com o qual o filho não tem nada a ver, é que Cristina e toda a enorme variedade de peronistas beneficiados por alguma instância de poder agora se consideram “livres para fazer o que quiserem”.

    A única esperança é que Alberto Fernández tenha prometido sua reforma judicial mais para pagar dívidas políticas e a catastrófica situação econômica do país ocupe todas as suas atenções.

    Mas é uma esperança muito, muito pequeninina.

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