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A Itália tem um problema cabeludo: o provocador e anti-político Beppe Grilo

Líder do Movimento Cinco Estrelas não vai dar sossego aos políticos tradicionais e, ironicamente, pode levar seu grupo a chefiar governo

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 21h10 - Publicado em 4 dez 2016, 16h20
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  • Crítico e desbocado: seria Grillo “o homem mais perigoso da Europa”? (Remo Casilli/Reuters)
    Crítico e desbocado: seria Grillo “o homem mais perigoso da Europa”? (Remo Casilli/Reuters)

    Beppe Grillo é de direita ou de esquerda? O simples fato de que uma pergunta assim seja feita já demonstra como muitos dos conceitos tradicionais estão revirados no mundo contemporâneo em geral e na Itália, onde um simples plebiscito sobre reforma constitucional virou uma batalha de proporções globais.

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    A resposta mais adequada talvez seja: de direita, de esquerda e nenhuma das opções anteriores. O comediante que virou político, ou talvez prefira anti-político, é contra um bocado de coisas: corrupção, globalização e a austeridade econômica que desemprega e desidrata a juventude europeia dos países financeiramente enrolados.

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    Direita, concluiriam muitos, lembrando as bandeiras de Donald Trump (e, sim, sabemos que Grillo e seu Movimento Cinco Estrelas antecedem em muitos anos o presidente eleito dos Estados Unidos).

    Ele também defende a democracia direta (causa subitamente simpática às esquerdas apavoradas), a pureza ecológica e a chamada utopia digital. No caso dele, bastante real: seu blog exerce uma influência que Nicholas Farrell, da Spectator, comparou à da Cientologia, a bizarra seita do ator Tom Cruise e outros famosos.

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    O blog foi criado e era administrado por Gianroberto Casaleggio, uma espécie de guru do Cinco Estrelas, que acreditava num governo global e digital chamado Gaia, que surgiria em 2054, depois de uma guerra apocalíptica.

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    Casaleggio morreu em abril do ano passado, mas Grillo está bem vivo, aos 68 anos. O comediante fala português e transmitiu uma série de programas feitos no Brasil nos anos 80 , quando sua cabeleira revolta ainda não tinha branqueado (futebol, mulatas, bondinho de Santa Teresa, mais mulatas, e uma paródia em que joga sozinho no Maracanã contra o mundo; e mais mulatas).

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    A transformação de um comediante em líder de um movimento político é típica da era atual. A postura crítica, desbocada e agressiva contra a classe política tradicional faz sucesso em diferentes países. Nos Estados Unidos, onde os perdedores eleitorais se descabelam com a

    “pós-verdade”, humoristas imitando jornalistas (de direita, ou seja, da Fox News) fizeram sucesso durante anos. Muita gente achava que eram de verdade.

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    O Movimento Cinco Estrelas já elegeu a prefeita de Roma, Virginia Raggi, e tem 23% dos deputados. Não é impossível que venha a ganhar a posição de partido mais votado. Seu candidato a primeiro-ministro é Luigi Di Maio, de 31 anos. Os “grillini”, em geral, são jovens e o voto pela rejeição às reformas constitucionais foi majoritariamente nessa faixa etária.

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    Beppe Grillo fez campanha puxada contra o projeto de mudança que se transformou num plebiscito sobre o governo e até a participação na União Europeia por inabilidade política do primeiro-ministro Matteo Renzi.

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    Populista, oportunista ou simplesmente excêntrico, Grillo não vai desaparecer de maneira quase mágica, como surgiu. “O homem mais perigoso da Europa”, como disse um jornal da

    sempre assustada imprensa alemã (Trump depois virou “o homem mais perigoso do mundo”), ainda tem muitas piadas para contar. Por quanto tempo a Itália vai achar graça?

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