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Carro-chefe da Bienal, youtubers duplicam presença no mercado de livros

Nenhum outro segmento do mercado editorial apresentou aumento tão significativo no primeiro semestre de 2016, em relação ao mesmo período em 2015

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 22h01 - Publicado em 26 ago 2016, 09h34
A youtuber Kéfera Buchmann

A youtuber Kéfera Buchmann

Meire Kusumoto

Com a crise econômica e com o fim da febre dos livros de colorir do ano passado, o mercado editorial amargou queda de 16,3% nas vendas em volume no primeiro semestre de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, segundo pesquisa da Nielsen encomendada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). Mas a crise não bateu em todas as portas do mercado: a venda de livros assinados por youtubers, um dos destaques da Bienal do Livro de São Paulo, que começa nesta sexta-feira e fica no Pavilhão do Anhembi até 4 de setembro, apresentou crescimento impressionante – entre janeiro e junho, o aumento foi de 164% em unidades vendidas em comparação com o mesmo período de 2015, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado GfK. Ou seja: a presença das celebridades virtuais nas vendas de livros mais que dobrou. Nenhum outro segmento literário cresceu tanto nesse intervalo. “É um fenômeno, ainda que embrionário”, afirma o diretor da unidade da GfK no Brasil Rui Agapito.

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De acordo com Agapito, os livros de youtubers não têm, por enquanto, o peso para o mercado que os livros de colorir tiveram no ano passado. Em 2015, obras como Jardim Secreto e Floresta Encantada chegaram a representar 2,6% do faturamento total do mercado editorial – já livros de vlogueiros como Kéfera Buchmann e Jout Jout representam 0,96% do faturamento do mercado. “Provavelmente, as obras de youtubers não vão abocanhar a mesma fatia, mas eles vão se aproximar do número dos livros de colorir ao longo do ano”, diz o analista.

Para o diretor editorial da Planeta do Brasil, Cassiano Elek Machado, modas como a dos livros de colorir ou de youtubers ajudam a movimentar o setor. “Elas se tornam um novo motor para o mercado, que está reprimido. Esses autores fazem com que as pessoas vão para as livrarias, o que pode levar a outras vendas: um pai que vai comprar um livro de youtuber para o filho pode acabar se interessando por outra coisa.” Na Bienal do Livro, a Planeta vai promover livros de youtubers como Malena, Lucas Lira, Taciele Alcolea e Eduardo Cilto, que têm entre 250.000 e 4,4 milhões de seguidores no YouTube.

Machado afirma que nem sempre o número de fãs que esses jovens possuem na internet se converte em venda nas livrarias, mas que ao menos o boca a boca é garantido. “Esses autores são fenômenos de massa. Você tem a garantia de que muita gente vai ficar sabendo do lançamento dos livros”, diz. Bruno Porto, editor da Companhia das Letras responsável por todas as obras de youtubers lançadas pela casa, concorda. “Os fãs são muito engajados. Todo mundo vai comentar sobre o livro, o sentimento é sempre intenso, para quem gosta e para quem não gosta dos vlogueiros. As pessoas não ficam no meio termo, e sempre há debates acalorados”, afirma.

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Sobre os críticos aos livros de youtubers, o editor diz ver certo exagero. “Não vejo um estilo novo, acho normal a publicação de tantas obras desse pessoal, porque eles são as vozes que estão influenciando as novas gerações. Sempre publicamos livros de atores e músicos. Mas você nunca vê alguém reclamando que tem obras demais de atores”, diz. “Houve um crescimento da importância dessas pessoas para os jovens, então é natural que eles queiram se arriscar na literatura. Só tem que respeitar o que o formato propõe: você não pode analisar um filme dos Vingadores da mesma forma que faz com um do Woody Allen, por exemplo. Os parâmetros devem respeitar a proposta.”

Porto ainda vê nos livros de youtubers outro valor: fazer ruir de vez o mito de que o jovem que está o tempo inteiro na internet não lê. “A gente viu jovens com o fetiche tão grande pelo objeto livro quanto vemos em pessoas de gerações anteriores. Sem entrar no mérito da qualidade literária de cada obra, o importante é que eles estão comprando e lendo.” E como eles compram – somente o livro de Kéfera, Muito Mais que Cinco Minutos, lançado pelo selo Paralela, do grupo da Companhia das Letras, vendeu 400.000 exemplares. Um estrondo para o mercado brasileiro.

A avaliação dos editores e do analista da GfK é que esses títulos ainda devem circular com intensidade por um tempo, talvez até o fim do ano. A partir daí, é possível que a moda passe, mas um livro ou outro vai continuar a ser publicado. “O olho do furacão ainda deve durar uns seis meses. O YouTube vai continuar existindo e inspirando a criação de livros, mas essas obras que são feitas para os fãs, com histórias e fotos dos vlogueiros, devem diminuir”, diz Cassiano Machado. Enquanto isso não acontece, as editoras continuam apostando no que está dando certo: tanto a Planeta quanto a Companhia das Letras têm pelo menos mais dois livros de youtubers cada uma para lançar antes do fim de 2016.

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