Impulsionado por Flávio Bolsonaro em seu perfil no Twitter, um vídeo falso mostra uma suposta fraude na urna eletrônica: ao digitar apenas o número um, o aparelho “preencheria” o voto automaticamente no candidato Fernando Haddad (PT). Só que tudo não passa de uma montagem.
O primeiro sinal de que se trata de uma situação falsa está no próprio layout da tela da urna eletrônica. Todos os números dos candidatos aparecem com uma fina borda em volta. No vídeo divulgado pelo filho do presidenciável de Jair Bolsonaro (PSL) e candidato ao Senado pelo RJ, o número 13 não conta com este detalhe.
Todas as urnas eletrônicas rodam o mesmo programa. Portanto, não é possível que o layout seja diferente em uma certa quantidade de urnas. Outros dois indicativos da manipulação das imagens são a luz que extravasa os limites da borda da tela e um reflexo próximo ao rosto da candidata a vice Manuela D’Ávila que também vai para além da tela. As falhas indicam que houve sobreposição de imagem.
Além disso, a gravação mostra a urna eletrônica apenas parcialmente. “Os vídeos não mostram o teclado da urna, onde uma pessoa digita o restante do voto. Não existe a possibilidade de a urna auto completar o voto do eleitor, e isso pode ser comprovado pela auditoria de votação paralela”, afirma o TSE em nota. Após manifestação do tribunal, o filho do presidenciável apagou sua publicação no Twitter e defendeu adoção do voto impresso.
Em entrevista coletiva mais cedo, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Rosa Weber, foi indagada sobre o vídeo e reafirmou sua confiança na urna eletrônica e destacou que nunca houve nenhum caso comprovado de fraude. “Não necessariamente o que os nossos olhos veem e nossos ouvidos escutam correspondem ao que realmente acontece”, disse.