Lideranças políticas da Câmara dos Deputados já dão como certa a vitória do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), candidato de Jair Bolsonaro à presidência da Casa. Se antes a vantagem dele já era previsível, agora, com a briga interna do DEM – que se divide entre bancar a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) e apoiar Lira – a consolidação de um resultado positivo para o parlamentar do Centrão parece inevitável. Neste momento, uma ótima notícia para Bolsonaro, que vê o movimento pelo impeachment crescer cada dia mais.
No entanto, apesar de isso ser uma vantagem para o Palácio do Planalto quando o governo enfrenta dificuldades, a avaliação é de que não se pode descartar o impeachment totalmente, mesmo com a vitória de Lira. Como a coluna mostrou nesta terça-feira, 26, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) acredita que se Bolsonaro não cumprir suas promessas de liberação de emendas e cargos para Lira, o futuro presidente da Câmara pode dar o troco e dar prosseguimento a pedidos de impeachment, que chovem na Casa.
Outros parlamentares também concordam com essa análise. Em conversas reservadas com a coluna, afirmam que Lira não é 100% governista. “Na prática, é 100% ele mesmo. E tem uma fama que gosta de verbalizar, nas poucas vezes que usa a tribuna, de que é apenas um cumpridor de compromissos assumidos. E a fama do governo é a oposta, nunca cumpre promessas”. Ou seja, caso Bolsonaro descumpra o prometido, não há dúvidas de que Lira usará a Câmara para fazer pressão, podendo ceder ao impeachment.
Neste caso, se o processo de impedimento for adiante, não se pode deixar de lado a base de apoio que vem de Arthur Lira, formada por partidos de oposição. “Outro lado que também corrobora a tese de que o Lira ganhando não é pá de cal no impeachment é que parte da base vem de partidos de oposição. Uns 4, 5 do PT, uns 6, 7 do PDT e uns 5, 6 do PSB. Gente que, se pautar o impeachment, vota a favor”, analisa outro deputado. A ver. Política é mesmo como nuvem, uma hora está de um jeito. Outra hora já mudou para outro.