Pesquisa traz uma boa e uma má notícia para Bolsonaro
Eleitores confiam nas urnas, mas concordam com fiscalização por militares
O levantamento MDA/CNT divulgado nesta terça, 30, traz um importante dado sobre as urnas eletrônicas. Segundo a pesquisa, 69% dos eleitores confiam nelas, 27% disseram não confiar no equipamento e 3,2% não souberam responder.
A notícia é ruim para o presidente Jair Bolsonaro, maior propagador de notícias sem fundamento que colocam em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas e a transparência do processo eleitoral. Como sabemos, um presidente que não se cansa de atacar as urnas que o elegem há anos.
Em contrapartida – e aí é que está o famoso pulo do gato – o levantamento MDA/CNT aponta que 65% dos eleitores consideram importante a fiscalização do funcionamento das urnas pelos militares. Outros 31% acham que a fiscalização é desnecessária e 3%, não souberam responder.
Neste ponto da pesquisa, a notícia é totalmente agradável para Bolsonaro, que criou uma celeuma institucional ao país, duvidando das urnas que o elegeram por décadas, mas defendendo que os militares fiscalizem todo o processo.
É um problema institucional porque o envolvimento dos militares nesse processo acaba por politizar as forças armadas, misturando o seu papel de Estado com o da defesa de um governo. Bolsonaro está fazendo isso desde antes das eleições de 2018, e o oficialato – especialmente a cúpula do Exército – aceitou esse papel político.
Ocorre que, considerando os números da pesquisa, a maioria da população quer a fiscalização das Forças Armadas no processo eleitoral.
Não há dúvidas de que as urnas são seguras, e é provável que a resposta dos eleitores em relação aos militares neste caso tenha a ver com a credibilidade que as Forças Armadas ainda têm – majoritariamente – entre os brasileiros.
Já passou da hora de Bolsonaro parar de atacar as urnas e fazer sua campanha sem levantar dúvidas sobre o processo eleitoral. O presidente precisa aceitar o resultado se for derrotado e valorizar a democracia, algo que não faz parte do seu vocabulário político.