Alexandre de Moraes fez bem em apontar, no depoimento à Polícia Federal, motivação política de seus agressores em um aeroporto na Itália.
Classificado como “comunista”, “bandido” e “comprado”, o ministro do Supremo Tribunal Federal — e presidente do Tribunal Superior Eleitoral — deu nome aos bois ou àquilo que o país tem relativizado nos últimos anos.
A política só é acompanhada de violência para perpetrar e atingir objetivos sombrios. Nós, brasileiros, “conhecemos o caminho maldito”. Segundo as declarações a policiais, o empresário Roberto Mantovani deu até um tapa no rosto do filho de Moraes, derrubando seus óculos.
Trata-se do mesmo bolsonarista que, também em depoimento e em entrevistas, negou qualquer violência e disse que apenas “afastou” o filho do magistrado por conta das pesadas ofensas ditas contra sua mulher.
Será mesmo que o empresário acha que, no aeroporto de Roma, não havia uma câmera apontada para onde eles estavam, na porta de sala VIP?
É muito atrevimento se ele estiver mentindo — e parece que está — ou construindo uma versão que ruirá como num castelo de cartas assim que as imagens forem divulgadas.
O Brasil tem normalizado absurdos demais. Normalizou a apologia à tortura, à ditadura, o racismo, ataques à Constituição e aos outros poderes. Está na hora de colocar um freio no bolsonarismo radical que não é compatível com os valores civilizatórios mais elementares.