O dia em que a verdade morreu na guerra Israel-Hamas
Ataque ao hospital em Gaza mostra de forma dolorosa o acerto da grande máxima sobre confrontos como o do Oriente Médio
É conhecida a máxima de que a primeira vítima de uma guerra é a verdade. Pois o ataque nesta terça-feira, 17, ao hospital na Faixa de Gaza – pode se dizer, agora – é o dia em que isso aconteceu diante dos olhos do mundo.
Vinte e quatro horas depois do ataque, a região está imersa numa guerra de narrativas. Quem atacou o hospital? Quantos morreram? Cada lado tem uma “verdade” e a proclama ao mundo.
Hamas diz que é Israel e Israel garante que é a Jihad Islâmica. O próprio Hamas diz ora que foram 500 mortos, ora que foram 200.
A consequência foi imediata.
A viagem de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, ao Oriente Médio perdeu a parte mais importante. Os árabes cancelaram o encontro com ele por causa do novo atentado.
A expectativa era a de que a viagem pudesse levar alguma racionalidade a esta guerra terrível, que faz vítimas dos dois lados e que começou com o brutal ataque do Hamas a Israel matando vítimas inocentes, como nós brasileiros sabemos.
Perdemos também pessoas, três deles na faixa dos 20 anos.
O Brasil esperava muito esse momento. Como está negociando intensamente a saída dos brasileiros que estão na fronteira com o Egito, a esperança no Itamaraty era que a ida de Biden fosse abrir a fronteira para a saída de americanos e que os pedidos do Brasil também seriam atendidos. Israel tem impedido a saída pelo Egito.
O Brasil também tinha a esperança de que a resolução formulada e negociada pelo Brasil fosse aprovada no Conselho de Segurança da ONU. Mas a reunião foi suspensa após o ataque.
O atentado ao hospital atingiu pessoas doentes ou que se abrigavam no local. Atingiu a frágil esperança de melhora da tensão e, ela, finalmente estilhaçou a verdade.