O manejo agropecuário aumentou os focos de calor (identificações de fogo) na Amazônia no primeiro semestre de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019. A conclusão está em uma Nota Técnica elaborada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que acompanha o problema nos últimos anos na região.
Para o instituto, os resultados obtidos na Nota Técnica mostram “que o debate sobre a incidência do fogo na Amazônia precisa ser calcado em análises mais detalhadas sobre como, por que e onde os focos de calor estão concentrados”.
A política ambiental de Bolsonaro tem sido duramente questionada entre autoridades nacionais e internacionais. Como a coluna mostrou no final de julho, o presidente tentou responsabilizar os índios por parte dos desmatamentos e queimadas que têm manchado a imagem de seu governo. No início de julho, o presidente foi denunciado na Organização das Nações Unidas (ONU) pela atuação da atual gestão em relação ao meio ambiente.
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Clique e AssineSegundo o documento do IPAM, divulgado nesta segunda-feira, 3, na comparação entre o 1º semestre de 2019 e o 1º semestre de 2020, os focos de calor por manejo agropecuário cresceram de 46% para 57% dos registros. Os desmatamentos diminuíram de 12% para 7% no período e os focos por incêndio florestal caíram de 42% para 35% entre 2019 e 2020.
“O primeiro semestre de 2020 mostrou 25% menos de fogo que o de 2019. Enquanto em 2019 foram registrados 10.384 focos de calor, em 2020 foram registrados 7.700 focos”, afirma o instituto.
Apesar da redução em alguns índices, o Ipam chama atenção para o fato de que Roraima foi alvo de “uma incidência extraordinariamente alta de focos de calor” no primeiro semestre de 2019, o que puxou os números para cima naquele período. “Se, à primeira vista, parece que a situação de 2020 é melhor do que a de 2019, um olhar mais cuidadoso dos dados mostra que a realidade é outra”, destaca o Ipam.