Fernando Haddad chega na reta final e decisiva depois de fogo amigo
Ministro da Fazenda enfrenta resistência até do PT, comandado por Gleisi Hoffmann, na questão do déficit zero
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viverá nesses últimos dias antes do início do recesso parlamentar — 22 de dezembro — a correria para tentar colocar de pé seu ambicioso projeto de continuar a arrecadar mais para manter o déficit zero.
Para isso, o ministro precisa da aprovação da MP 1185 das subvenções (aquela que tenta evitar que isenções estaduais virem redução de impostos federais) mesmo com o relator, deputado Luiz Fernando Faria, desidratando o texto.
Haddad também trabalha pelo projeto chamado de JCP (que cobra imposto sobre uma modalidade de transferência de lucros da empresa para o acionista) ou pela taxação de apostas eletrônicas.
Enfim, em cada um desses projetos, o ministro da Fazenda tem uma previsão de receita.
Só que elas estão minguando com as desidratações e podem sumir se não forem aprovadas.
Tudo isso acontece agora, mas com uma complicação a mais: no último fim de semana, durante a reunião do PT, o projeto de Haddad de colocar ordem nas contas públicas, foi chamado, em documento oficial da legenda, de “austericídio”.
A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, disse inclusive – na frente de Haddad – que o déficit pode ser de 1% ou 2% do PIB.
Mas, como convencer o Congresso a votar medidas que aumentam arrecadação, se para o partido do ministro tanto faz déficit zero ou 2%?
Tem também que ser aprovada a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que, do jeito que vai, está tendo cada vez mais emendas para o Congresso.
Para piorar a semana, tem também a reunião do Copom que vai reduzir ainda mais os juros. Provavelmente, um novo corte de meio ponto.
E qual é o sinal que o Banco Central vai dar para futuros cortes?
Esse fogo amigo também não ajuda nos juros. Tudo que se pode dizer é boa sorte para o ministro. Ele claramente vai precisar.