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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

Desemprego deve atingir novos recordes e pode chegar a 16%, diz economista

Pesquisador da FGV afirma que a taxa de 13,8% é a maior desde 1992 e que, agora, a possibilidade de os números chegarem a 16% faz mais sentido

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 out 2020, 10h24 - Publicado em 1 out 2020, 09h53

A pandemia do coronavírus, a recuperação lenta da economia e as medidas de isolamento atingiram em cheio o mercado de trabalho e as taxas de desemprego estão chegando a níveis recordes no país.

Embora o ministro Paulo Guedes tenha tentado comemorar a criação de 249.388 mil vagas em agosto anunciada pelo Caged nesta quarta, 30, um outro dado, também divulgado, mostra que o desemprego chegou a 13,8%, maior nível desde o início da série histórica, em 2012.

Segundo a  Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego atingiu o nível mais alto de toda a série, entre os meses de maio e julho deste ano. A pesquisa, que mede o desemprego como taxa de desocupação, é ampla. Ela mostra trajetória de crescimento acelerado do número de pessoas desocupadas.

Em conversa com a coluna, o economista Bruno Ottoni, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que essa taxa de 13,8% é a maior desde ao menos 1992, segundo dados compilados por ele e por outros especialistas a partir do acompanhamento dos números do desemprego no Brasil.

Para Bruno Ottoni, é certo que o desemprego vai subir. A dúvida é a velocidade de subida, o quanto a taxa vai subir e até quando esses números estarão crescendo. Inicialmente, os economistas consideravam exagerada a hipótese de que o índice  de desemprego chegasse aos 16%. No entanto, após a divulgação da PNAD Contínua, vários especialistas já admitem que ela é possível.

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“Até pouco tempo, eu achava exagerado esse número. Mas depois que saiu esse dado, que já mostrou um aumento bem expressivo num curto espaço de tempo… Hoje eu acredito que esses números de 15%, 16% fazem mais sentido, que a gente chegue no final do ano nessa faixa. Porém, acho exagerado dizer que vai chegar a mais de 16% este ano”, explica Bruno Ottoni, que está revendo suas projeções anteriores depois de analisar os dados do IBGE.

Segundo ele, o auxílio emergencial do governo, mesmo com a redução do valor, e programas como o de manutenção do emprego formal devem ajudar a segurar a taxa de desemprego até o fim do ano. No início de 2021, com o fim desses auxílios, a taxa pode subir mais, já que muitas pessoas que hoje não estão procurando emprego podem começar a buscar vagas.

O aquecimento típico do final de ano, gerado pelo feriado de Natal, também deve ajudar a segurar as taxas de desocupação até dezembro. “A diferença é que quem vai se beneficiar mais é o e-commerce, os empregos gerados vão ser mais na área de entrega, de mercadoria, telemarketing. O tipo de emprego gerado será mais ligado a tudo que tem a ver com e-commerce e entrega de produtos”, afirma o economista.

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Bruno Ottoni chama atenção para os recordes negativos apontados pelo IBGE na pesquisa. Além do desemprego, houve recorde em índices importantes como o menor número de população ocupada, de força de trabalho e, consequentemente, o mais alto índice de pessoas sem trabalhos. Segundo o economista, a população com força de trabalho potencial, também analisada pelo IBGE, é uma categoria que pode impactar fortemente a taxa de desemprego.

“A força de trabalho potencial é uma medida super importante no momento atual. É um grupo de pessoas que, por pouco, não entraram na força de trabalho. Esse pessoal tem chance muito grande de virar desempregado, basta que eles respondam que procuraram emprego ao IBGE. Se eles passarem a procurar emprego, eles passam para a população desocupada e a desocupação explode”, explica.

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Além disso, outro dado relevante monitorado pelo IBGE é a população de desalentados, pessoas que buscaram emprego em algum momento, não conseguiram e desistiram por um tempo de entrar no mercado de trabalho. O número de pessoas desalentadas também atingiu recorde e agora soma 5,8 milhões, segundo o IBGE.

Mesmo com a recuperação da economia e com as projeções otimistas em relação à superação da crise, Bruno Ottoni afirma que vai ser difícil o mercado de trabalho absorver todas as pessoas que vão precisar de emprego nos próximos meses. “Dado o quadro que a gente está observando no mercado de trabalho, não me parece que esse crescimento vai ser suficiente para evitar que a gente tenha esse quadro de aumento de desemprego bastante expressivo até o final do ano e início do ano que vem”, afirma.

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